terça-feira, 28 de julho de 2009

Isto não é uma comemoração...

Domingo fez um ano que eu fraturei a perna.
Claro que não é uma data para comemorar, entretanto será inesquecível, não pela dor do momento - doeu sim, e muito (respondendo àquele amigo maluquinho que me fez a pergunta) – mas por todas as conseqüências e as histórias, às vezes hilárias, que foram acontecendo durante o período de recuperação.
Quando perdi o equilíbrio e caí durante a festa de casamento da Luana Medeiros (hoje Cintra), mesmo antes de ser levada ao P.A. do Hospital São Luiz, já sabia que a perna estava quebrada. Só não esperava que a fratura tivesse sido tão grave: a tíbia esgarçou, sendo necessária uma cirurgia para retirar os fragmentos do osso rompido e colocação de material sintético fixado por uma placa e pinos. A fíbula, apesar de quebrada também, não precisou de nenhum procedimento.
Ainda bem que nos tempos atuais quase não se usa gesso. Saí da sala de cirurgia com um robofoot, 36 pontos distribuídos por um corte que ia do fim do peito do pé até um pouco mais da metade da perna, sonda e dreno.
Depois da cirurgia estava muito otimista e esperava sair andando do hospital. Ledo engano. Fiquei “apenas” três meses sem poder colocar o pé no chão e outros três andando de muletas. Segundo o médico que me acompanhou, Dr. Alexandre Santa Cruz, pela extensão da fratura e a minha idade, a recuperação foi excepcional.
A minha primeira “aventura” pós-cirugica, aconteceu justamente no dia seguinte à operação. Minha amiga Cristina Rivera veio ficar comigo logo depois do almoço. No meio da tarde, uma enfermeira, por ordem do médico, retirou a sonda e me liberou para um muito desejado banho de chuveiro.
Eu estava esperando visitas, então quis colocar uma camisola decente. Claro que a minha amiga me ajudou. Só que, ao colocar aquela pecinha mais íntima, esqueci que apesar de não estar com a sonda ainda havia o dreno. A Cris também não lembrou. Resultado: arrancamos o dreno. Voou sangue pelo quarto todo... Ficamos apavoradas... Enquanto ela saiu em disparada para buscar uma enfermeira, eu tentava segurar a ponta da cânula para estancar o sangramento.
Quando parecia tudo sobre controle, entra no quarto a enfermeira-chefe e em altos brados passou uma descompostura em nós duas. Se estávamos assustadas, ficamos mais ainda. A mulher parecia descontrolada e dizia que era amiga do médico e que ia abusar deste fato para ligar do seu celular para o telefone pessoal dele para comunicar o ocorrido e que ele iria ficar possesso, pois a cirurgia estava perdida.
Ela saiu do quarto e foi falar no corredor. Creio que o hospital inteiro se deu conta do que havia acontecido, pois ela falava tão alto que nós a escutávamos, mesmo com a porta fechada, como se ela estivesse ao nosso lado.
Acho que alguém chamou atenção desta doida, pois na hora da troca de plantão ela veio toda mansinha, pedindo desculpas e dizendo que toda aquela explosão era por mera preocupação e que era muito difícil conseguir o antibiótico que eu deveria tomar por estar sem o dreno, mas que ela havia usado toda a sua influência para que eu não sofresse nenhuma consquência maior. Claro que ela estava morrendo de medo que eu me queixasse aos seus superiores.
Logo depois veio um enfermeiro me trazer os remédios rotineiros. Quando a Cris contou para ele toda a história, ele deu risada e disse que 9 em cada 10 pacientes arrancavam o dreno sem querer e que isso não era o fim do mundo.
O que eu posso dizer é que Deus escreve certo por linhas tortas. Quando o Dr. Alexandre veio me ver naquela noite, ele fez uma drenagem manual. Foi mais de uma hora massageando a perna e tirando toda a secreção que havia. Foi ótimo, pois parou de latejar e eu dormi livre de qualquer incômodo.
Hoje, depois de passado um ano, ainda sinto algumas dores principalmente quando subo escadas ou tento correr, mas tenho certeza que um dia tudo vai passar e, de recordação apenas terei a sombra do corte que foi feito.

sábado, 25 de julho de 2009

Quem é?

É a Dedé!!!

Brincadeira de criança
Cheia de graça e de luz.
Filhotinha do meu coração,
Que saudade de você,
De apertar suas bochechas,
De fazer cócegas na barriga,
De sentá-la no meu colo,
Responder suas perguntas
(Nem sempre fácil de fazer...).

Ah! Minha pequena feiticeira,
Que seduzia com seu riso fácil,
Que encantava com a sua inocência...
Quanto você cresceu!...
Que linda você se tornou!...
Mas o meu coração de mãe
Ainda guarda a menininha
Criando asas para voar,
E que nunca vai mudar.

Lilia Maria

Hoje minha filha mais nova completa seu vigésimo quarto aniversário.
Quando pequena, ela era gordinha, risonha, linda! Chamava atenção onde quer que estivesse.
Defensora das suas causas, um dia ficou inconformada com um homem que havia podado uma árvore pois acreditava que os galhos estavam chorando de dor. Outra vez, observando o quarto minguante, ficou aflita porque alguém havia roubado um pedaço da lua.
Há alguns anos, quando completei meio século, chorei de emoção ao ler um livreto em forma de coração onde ela descrevia os 50 motivos pelos quais havia valido a pena a minha vida.
Assim ela é. Uma artista sensível, inteligente, cheia de idéias, sincera e com um coração maior do que ela mesma.
Filhota, eu te amo! De todos os motivos pelos quais valeram a pena a minha vida, certamente você é um dos mais importantes.

domingo, 19 de julho de 2009

Lunik 9

Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar

Momento histórico
Simples resultado
Do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem
Normal, gradativa
Sobre o universo natural
Sei lá que mais

Ah, sim!
Os místicos também
Profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência
Em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais
Guerra de astronautas nos espaços siderais

E tudo isso em meio às discussões
Muitos palpites, mil opiniões
Um fato só já existe
Que ninguém pode negar
7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, já!
Lá se foi o homem
Conquistar os mundos
Lá se foi
Lá se foi buscando
A esperança que aqui já se foi
Nos jornais, manchetes, sensação
Reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal
Muito bem
Confesso que estou contente também

A mim me resta disso tudo uma tristeza só
Talvez não tenha mais luar
Pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?
O que será do mar
Da flor, do violão?
Tenho pensado tanto, mas nem sei

Poetas, seresteiros, namorados, correi
É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar


(Gilberto Gil)

Esta estava lá... Guardadinha no fundo do baú...
Hoje era um dia muito propício para resgatá-la.

Cantiga Antiga

Eu fiz uma cantiga bem antiga pra você
Pensando que você fosse gostar
Voltar no nosso tempo de crianças
Quando a gente ainda brincava
Eu puxava as suas tranças
Só pra ver você zangar
Você zangava e me chamava
De boboca perna torta
Perna torta é a vó...
Eu fiz uma cantiga muito antiga pra você
Tentando só fazer você lembrar
Que eu era o menino calças curtas
De cabelo arrepiado
Que queria ser soldado
Do primeiro batalhão
E ganhar mais de 1 milhão
E a gente se casar
Eu fiz esta cantiga tão antiga.
Tão antiga que você
Nem vai lembrar...
(Silvio Cesar / Sylvan Paezzo)

Hoje acordei saudosista...
Olhei o violão encostado na parede do meu quarto e lembrei desta música. Se alguém mais lembrar vai denunciar a idade... (rs) Sei que ela foi gravada em 1968.
Mas as lembranças que ela me trás são muito mais antigas (embora eu tenha começado a usar tranças quando entrei na Universidade – até então eu era obrigada a cortar os cabelos porque meu pai dizia que meu cabelo era igual ao de uma espiga de milho – simpático, n’é?)
Lembrei de férias passadas em São Carlos, na casa da minha avó, início da adolescência, as brincadeiras de rua logo depois do jantar, quando os mais velhos estavam entretidos com os telejornais e as novelas.
Tudo começava com queimada e mãe da rua. A turma ia chegando, olhares compridos eram trocados, o pessoal ia se ajeitando, e quando começava a bater o cansaço de tanto correr alguém sempre tinha a brilhante idéia: - vamos brincar de namoro no escuro? Nos dias atuais esta brincadeira poderia ter outro significado, mas na época... Hoje os nossos filhos diriam que éramos uns bobocas...
A brincadeira era mais ou menos assim: Tinha um “animador”, o “premiado” e os outros eram os possíveis escolhidos. O “animador” vendava os olhos do “premiado” e seguia apontando para os “possíveis escolhidos” perguntado: - quer este? A resposta era sim ou não. Quando o premiado escolhia alguém, o “animador” perguntava: Beijo, abraço ou aperto de mão? Era aí que a coisa ficava engraçada. Um menino tendo que beijar um menino era hilário. Aconteciam mil palhaçadas. Mas se o beijo tivesse que ser entre um casal... Nossa! Batia a timidez... Claro que ninguém beijava ninguém... Mas a vontade era grande. Que pena! Agora só resta a saudade.

Enquanto estava escrevendo este "post" não pude deixar de pensar na minha prima Silvana, parceira de muitas histórias, com quem eu dividi todos os pequenos grandes segredos até a juventude.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Córrego Alegre? SAD 69?

Que bicho é esse? Morde?
Pois é... Quando alguém perguntou para mim se eu usava o Córrego Alegre, fiquei com vontade de perguntar se era para pescar. Aí voltei para casa imaginando um riachinho de águas transparentes, com pedrinhas espalhadas em seu leito, as margens cobertas de vegetação rasteira, algumas flores e chorões espalhados emprestando uma ar bucólico ao lugar. Perdida em meus devaneios, tirei os sapatos e segui caminhando pelas águas refrescantes. Lindo! Poético! Romântico!
Depois de um tempo, um dia um colega me liga perguntando se eu podia ceder o layer da localização das escolas. Dei todas as indicações dos procedimentos necessários para formalizar o pedido. Aí ele faz a fatídica pergunta: você usa Córrego Alegre? Comecei a rir...
- Me explica o que é isso... Pra mim, Córrego Alegre é um riachinho cujas águas límpidas passa entre pedras fazendo barulho de uma cachoeira saltitante...
- O que é eu não sei, mas toda vez que troco mapas com alguém esta é uma das perguntas. Aí fico imaginando exatamente como você. O pior é quando alguém me pergunta se é em SAD 69.
Tóim... tóim... tóim... caiu a linha...
Só para elucidar, ambos são sistemas de referência para geoinformação. Quem quiser saber mais tem que esperar que eu escreva o capítulo referente a isto dentro da minha dissertação de mestrado (e pensar que eu odiava geografia!!!).

terça-feira, 7 de julho de 2009

A quem interessar possa

Você não me ama mais?
Nem menos?
Continua amando como sempre?
Amando ninguém?
Então você me ama...
Eu sou ninguém.
E, como ninguém é eterno,
E eterno só Deus,
Então sou uma Deusa.
Que privilégio ser ninguém na vida...
E você aí,
Brigando pra ser alguém...
Se liga!
A vida é muito maior
Que o caminho do seu olho ao umbigo...

Lilia Maria


domingo, 5 de julho de 2009

Presente

Ultimamente
Ando adolescente.
Fico tateando,
Buscando,
Olhando,
Sonhando,
Mostrando,
Escondendo,
Brincando,
Insinuando,
Confessando,
Dissimulando.

Sentimentos confusos,
Emoções pairando no ar.
Quero me apaixonar,
Perdidamente,
Irremediavelmente,
Definitivamente,
No momento presente.

Lilia Maria


Como é gostoso o jogo do flerte. E não é coisa de adolescente não!
Quem disse que há idade para essas coisas?
Um dia até quiseram que eu acreditasse que flertar, andar de mãos dadas, beijar, se apaixonar era coisa para a turma das minhas filhas. Eu quase caí nessa. Hoje eu sei que o amor não tem idade. Ele pode acontecer a qualquer momento. Eu espero ainda poder viver mais uma vez esta dádiva.
Enquanto não encontro o companheiro do meu caminhar fico assim, sonhando...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dia Torto

O dia nasceu torto.
O sol não raiou,
A chuva caiu,
O ar esfriou,
O despertador não tocou,
Parou.
Acordei atrasada,
Estressada.
O carro não pegou,
A gasolina acabou,
E o dia que nasceu torto,
Mais torto ficou.

Aos trancos e barrancos,
As horas foram passando,
E o dia entortando.
O chefe faltou,
O almoço esfriou,
O computador não ligou,
A ponta do lápis quebrou,
Nem o café chegou.
O dia seguiu torto.

Voltei para casa,
Ônibus lotado
(Lembra, o carro quebrou...),
Meu dinheiro perdi,
Descer, quase não consegui.
Fiquei desolada.
Estou mais que cansada,
Não falta acontecer mais nada.

O dia começou torto...
Mas torto ele não vai terminar.
Nada vai me derrubar.
Um banho quente eu vou tomar,
Meu melhor pijama vou colocar.
No meu quarto vou me abrigar.
Minha cama está me esperando,
Meu travesseiro chamando,
Vou logo dormir e sonhar,
Que um lindo dia vai começar.

Lilia Maria
19/11/2002

Quando escrevi este poema, o Prof. Pedro Sérgio Candolo, um amigo daqueles que a gente guarda com muito carinho, trabalhava comigo. Ele riu muito de toda a situação. No dia seguinte ele ficou impressionado, pois quase tudo que eu havia escrito aconteceu... Obra do acaso... E realmente eu não me dei por vencida, superei as adversidades e segui em frente. Não há nada como um dia após o outro.