segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Contagem regressiva

“Faltam 20 dias para o seu aniversário” – este era o assunto de um dos e-mails que estavam na minha caixa postal hoje. Claro que o primeiro pensamento foi para o passado recente. Minha filha caçula, desde pequena, todos os anos promove uma contagem regressiva na época do seu aniversário. Ao contrário de muita gente que esconde e que se esconde, ela divulga, torna público e ai daquele que ousar não falar feliz aniversário para ela...
A primeira contagem regressiva que eu curti na vida não tinha absolutamente nada a ver comigo, aliás, nada a ver com ninguém próximo também, mas achei o máximo quando apareceu no alto do bloco E1 (prédio central do Campus de São Carlos da USP) uma tabela que mudava todo dia contando os dias faltantes para a formatura. Claro que tudo era muito comemorado com muita festa. Hoje fico pensando como deveria pulsar o coração dos colegas na última semana...
Eu gostei tanto da idéia que em 1981 institui a minha primeira contagem regressiva. Não tinha tabela nem divulgação. Estava na minha agenda mesmo. Era a contagem regressiva para o meu casamento. Claro que tinha a ansiedade de toda noiva, mas na verdade ela foi muito útil para estabelecer prazos e atividades. Creio que esta ninguém viu, nem mesmo o noivo. Acho que ela deva ter ido para o lixo na época da minha separação.
Enfim, vamos lá... Contagem regressiva... Provavelmente neste ano não haverá a tradicional “festa da virada” (reunião das “Luluzinhas” na noite de 12 de dezembro) nem o jantar com minhas filhas no dia, mas esperarei novamente o abraço de todas as pessoas que são importantes para mim.

domingo, 15 de novembro de 2009

Pátria amada Brasil

Sou da época que milhões de brasileiros trocaram suas alianças de ouro por outra de um metal qualquer com a inscrição “dei ouro para o bem do Brasil”. Exibir aquele “certificado de cidadania” era motivo orgulho e dignidade.
Quanto será que foi arrecadado? Onde foi para o ouro que todos doaram tão espontaneamente que nem se deram conta da chantagem a que estavam sendo submetidos? Não sei realmente responder. Eu ainda era muito criança para perceber e meu pai, que fez questão de ter a sua aliança de lata, nunca tocou no assunto.
Mas por que falar deste assunto tão antigo? É que hoje, guardando alguns papeis, parei para olhar o quanto me descontam de Imposto de Renda na Fonte (IPRF) além de tudo aquilo que está embutido em cada coisa que consumo, seja um gênero de necessidade ou uma futilidade e me senti dando o ouro, o suor, o corpo e a alma para o país que nem sequer um “certificado” me devolve.
Não sou contra que os menos favorecidos sejam ajudados, mas não acredito que o “bolsa isso” ou “bolsa aquilo” esteja trazendo mais dignidade ao povo. Programas como o “Economia Solidária” podem ser muito mais interessantes à medida que fazem todos contribuírem com a sua parcela de responsabilidade.
Fiquei encantada ao escutar o Prof. Paul Singer falar sobre a Economia Solidária em uma palestra da UFABC. Acho que ele deveria falar a respeito na TV aberta e fechada, em cadeia e em horário nobre. Creio que todas as classes sociais precisariam entender um pouquinho do que se trata. Quem sabe assim o povo começasse a pensar melhor no governo que quer ter e na sociedade em que quer viver.

sábado, 14 de novembro de 2009

Temos prazo de validade?

Aí eu ligo a TV, escuto uma frase histórica e venho escrever no computador... (oi nois aqui de novo)... Era mais ou menos assim:
“... quando o nosso prazo de validade está para vencer...”
Não me lembro o resto, mas tem a ver com “fazer propaganda pessoal” para tentar achar o companheiro para viver os últimos instantes de “vida útil”... rs...
Por que isto me chamou atenção? Temos mesmo um prazo de validade? Ele está relacionado com a idade? Ou com o nosso estado de espírito? Conheço jovens de sessenta anos e velhos de vinte...
Como anda o meu prazo de validade? Vencido há 10 anos? Dá para reciclar e estabelecer um novo prazo?
Talvez seja difícil, mas não é impossível. Não dá para mudar muita coisa, afinal já passei da idade de moldar a personalidade. Não dá para de repente sair por aí como uma louca desvairada quando sempre se foi muito comedida, mas dá para perder os medos de mostrar aquele lado que foi sendo esquecido ao logo da vida. Dá para reviver o lado mais feminino que foi sendo abafado. Dá para tentar mostrar mais uma vez o lado doce e meigo que foi sendo endurecido pelas desilusões. Dá para jogar fora as pedras que hoje trago nas mãos e que me fazem muitas vezes, numa tentativa de ser engraçada, ser apenas uma caricatura da menina que um dia fui.
Não sei... Preciso pensar melhor...
Nesse momento o objetivo é terminar o trabalho que tenho que fazer para a Universidade, terminar a pesquisa do mestrado e escrever a dissertação. Isso sim tem prazo de validade...
E vamos fazer regime tomando mais café e comendo menos pão... rs... (esta é uma observação que só os “iniciados” entenderão...)

Ah! Antes que me esqueça: estava passado o filme "Must love dogs". Muito bom para uma noite sem nada o que fazer. Um dos atores principais é o Christopher Plummer. Na época em que o filme foi feito ele já estava beirando os 80 anos, mas mesmo assim esbanjando charme. Acho que ele deve ter prazo de validade infinito.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Chama - Falando do "apagão"

A chama dança
Pra lá e pra cá.
Aurea, perfeita,
Exala luz,
Exala calor,
Uma leve fumaça...
E brilha!
E consome!
E se esvai...
Como a vida.

Lilia Maria
07/01/2003

Nada como falar de velas acesas depois de um apagão...
Pouco depois das 22hs do dia 10/11, terça-feira, de repente a casa ficou na penumbra. Misteriosamente não estava tudo apagado. Algumas lâmpadas permaneciam acesas, mas com um intensidade bem menor do que a que seria normal. A casa foi invadida por apitos dos aparelhos que lutavam para continuar funcionando. Saí desligando tudo... Lembrei do meu pai, quando passamos por situação semelhante, dizendo: desliga tudo, caiu a fase.
Com fase ou não fase, peguei a bolsa e saí (ainda bem que tem gerador no prédio... 14 andares na escada não dá).
Até que foi interessante encontrar o Zz na padaria. Ele saiu dizendo que ia sentir falta de ver TV e eu voltei para casa pensando em quanto tempo ainda teria para escrever no meu notebook. Isso até rendeu uma teoria matemática bastante interessante utilizando razões e proporções, mas agora ela até me parece discutível, afinal não dá para medir se a proporção do meu apresso pelos computadores (acho que aqui deveria ser Internet) tem o mesmo peso do dele pelas TVs (não o aparelho, claro).
Bom, está tudo muito bem, está tudo muito bom... mas onde anda a verdade?
Logo cedo, liguei a TV e veja uma representante do governo paulista afirmando categoricamente que desta vez São Paulo não tinha nada a ver com isso. Que o “povo” de Itaipu que se explicasse. Foi o dia todo ouvindo um monte de blá, blá, blá. Afinal, o que de fato causou o apagão? Um temporal? Raios em profusão, como ouvi em um jornal na tarde de ontem? De quem é a culpa? Do pobre São Pedro, mestre guardião das portas do Céu? É, até isso eu ouvi...
Eu só sei que me sinto na terra de ninguém. O negócio é apelar para El Chapulin Colorado... afinal... "Oh, e agora, quem poderá me defender?"

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Loucuras do amor

Que grande descoberta
Fiz na calada da noite:
Meu amor não é cego,
É mudo!

E eu que pensei

Que desta vida sabia tudo,
Descobri que não sei falar,
Sou tão muda quanto o meu modo de amar.

Me ponho a rir feito louca,

É muita bobagem para alguém pensar.
E para você, que acaba de ver estes versos,
Fica proibido gracejar.

Lilia Maria


Ontem, conversando com a minha amiga Matilde Kronka, pensei nas inúmeras vezes que alguém esperou que eu completasse uma conversa de forma espirituosa ou fazendo uma observação que desse o gancho para uma continuidade ou ainda que eu pegasse o tal gancho e seguisse em frente com a conversa que tinha tudo para não chegar ao ponto final.
A minha mudez não é por falta de falar e sim o falar com tanta cautela que acaba sendo desencorajador. Quando percebo normalmente o meu tempo acabou e aí sim eu fico muda por não ter como retomar. O estrago está feito.
De onde vem este medo de falar?
Se eu for procurar os motivos de tal comportamento, vou achar alguém me dizendo: para de ser oferecida... mulheres não tomam a dianteira numa conquista... moça de bem não convidam, esperam ser convidadas... e por aí vai. Alguém me ditou a regra e eu não soube quebrá-la direito.
Um dia, conversando com o meu primo Paulo Mattos, ele disse alguma coisa mais ou menos assim: minha primeira mulher me conquistou pela insistência, ela disse que ia se casar comigo e não sossegou enquanto não conseguiu. Tudo bem, mas como ser insistente sem ser inconveniente?
Ser só insistente não basta. A outra pessoa precisa aceitar a insistência e recebê-la com alegria. Ou seja, o outro precisa querer ceder caso contrário estaremos apenas nos tornando chatos, e ao invés de conquistar estaremos fazendo com que a outra pessoa se torne cada vez mais arredia. Quantas vezes não passamos por esta situação mas colocados do outro lado? Quantas vezes não fugimos de gente que fica assediando? E quantas vezes não cedemos ao assédio depois de algum tempo mas sabendo que este tempo foi por puro charme?
Preciso repensar a mudez deste meu modo de amar...