sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sonhos

Sonho com um beijo delícia,
Cheio de amor e malícia,
Que só alguém pode me dar.
Sonho com um sorriso maroto,
Brincando nos lábios
Que acabei de beijar.
Sonho com um pedaço da vida,
Que é pura alegria
De amar e se entregar.
Sonho em estar adormecida
Ao lado de quem me trouxe de volta
A graça de ser mulher.


Lilia Maria

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Palavras soltas

Palavra ou meia palavra,
Não importa o que foi dito.
Bendito!
E ficou o dito pelo não dito,
E a palavra solta no ar
Soou aos meus ouvidos
Como o sino que anuncia a prece
Que no seio da capela vai começar.
Tão bela de se ver,
Tão silenciosa para se rezar.
Orar!
Pelo pão de cada dia,
Pelos amigos que encontrei,
Pelo amor que me alimenta a alma.
Calma
É tudo que preciso ter
Para no caminho continuar.

Lilia Maria

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Despertar

Da fábrica de sonhos
Montada em meu travesseiro
Saem bruxas, castelos e reis
Que povoam as minhas histórias.
E vão se acumulando
Ao longo da noite.
Quixotes abrem espaço
Com suas espadas febris
Para acomodar Dulcinéias,
Amadas e amantes,
Neste reino de faz de conta.

Não dou conta
De quantas horas dormi,
Mas acordo cansada
De tanta batalha travada
Entre coração e razão.
No fim não sobra nada,
Não há vencidos ou vencedores.
Fica então a vontade
De não despertar de verdade
E trazer um pouco do sonho
Para a minha realidade.

Lilia Maria

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Revelação

Tudo que existe de verdade
Resiste ao tempo e a distância.
Não fosse assim
Aqui não estaria
Escrevendo esta poesia
Para um amor aguerrido
Que passou anos adormecido
Esperando a hora de acordar.
E o despertar,
No entardecer da minha vida
Trouxe um sopro de alegria,
E a mulher que ainda existia
Querendo as amarras quebrar.
Estou livre para voar
E viver uma paixão tardia,
Mas que nasceu na alvorada,
Quando a menina apaixonada
Nem sabia o que era

Aquele arrepio de prazer
Que fazia seu coração vibrar.
O tempo não quebrou o encanto.
A vida não mudou o sentimento
Guardado como um segredo
Que hoje vem se revelar.
Colha este amor como um fruto

Muito doce de se saborear.

Lilia Maria

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Meu refugio

Existe no mundo um lugar
Onde eu gostaria sempre de estar.

Um lugar aconchegante,
Onde me sinto protegida.
Um lugar onde meu corpo cansado
Pode relaxar e sossegar.
Um lugar onde eu não preciso pensar,
Só preciso sentir...
Um lugar onde meu espírito se acalma
E minhas aflições se esvaem.
Um lugar onde volto a ser menina de novo,
Sem problemas, sem preocupações.
Um lugar onde não se paga imposto ou aluguel.
Um lugar que me dá conforto e alento.
Existe no mundo um único lugar
Onde eu gostaria sempre de estar...

Lilia Maria



Este lugar existe e é para lá que eu vou, nem que seja em meus sonhos... Estou precisando descansar.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Regras mnemônicas

Quando ainda era estudante descobri que tinha certas coisas que não dava para lembra sem uma certa ajudinha. Quem podia saber de cor e salteado todos os afluentes da margem esquerda do Rio Amazonas? Não sei porque, mas os meus professores não usavam muito este recurso.
Lembro-me que uma vez alguém tentou fazer uma para regras de sinais da multiplicação. Era alguma coisa assim: o amigo do meu amigo é meu amigo, o amigo do meu inimigo é meu inimigo, o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Eu achava confusa e muito pouco prática. Sem contar que se fossemos pensar na vida real, nem sempre as coisas funcionam assim. Para os meus alunos sempre ensinei uma coisa que acho mais fácil: sinais iguais -> resultado positivo, sinais diferentes -> resultado negativo. E mais, frisava bem que só valia para a multiplicação (e divisão, claro, afinal toda divisão equivale a uma multiplicação), para a adição o negócio era pensar em créditos e débitos.
Ontem, conversando com uma turminha de ex-alunos do início dos anos 80, uma das meninas, Ângela Tonel, lembrou de uma das minhas regrinhas mágicas. Eu a chamava de Lei da Vida e servia para transformar números reais escritos na forma de radical em números reais com expoente fracionários. A regra era essa:


Quem está por cima está por dentro e quem está por baixo está por fora. E vice versa.


Assim, por exemplo:


O 3 de fora veio para baixo e o 2 de dentro ficou por cima. Fácil, rápido e sem erros...


Durante o meu tempo de professora, muitas regrinhas foram criadas. SECO e COCA para as relações trigonométricas nos triângulos retângulos, com sono e sem sono para desenhar o círculo trigonométrico, a da multiplicação de sinais que já falei acima, e outras que agora não me ocorrem, mas certamente meus pupilos lembrarão.

Lilia Maria

Em tempo: Ângela, obrigada pela lembrança. Beijo...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Oração da minh’alma

Bom demais para ser verdade,
Bonito demais para não ser sonho,
Gostoso demais para ser experimentado.

Mas...

Já foi verdade,
Já foi vivido,
Já foi experimentado.

E foi...

Bom,
Bonito,
Gostoso.

Seria demais para uma simples mortal?

Que o céu reze por mim,
Que os anjos digam amém,
Diga amém você também.

E seja feita a nossa vontade.

Lilia Maria

Todos o dias rezo agradecendo a Deus pela minha vida, pelas minhas alegrias, pelos meus amigos e pelos meus amores. Esta seria uma oração para uma das maiores alegrias que já experimentei.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Gosto de gostar de você

Te gosto com tanto gosto,
Que tem gosto de quero mais.
E de tanto gostar deste gosto,
Que experimento com prazer,
Já não quero sentir outro gosto
Pois o maior gosto que tenho
É o gosto de gostar de você.

Lilia Maria

De vez em quando volto aos meus tempos de adolescência...
Meus tempos de menina enamorada, que ficava olhando de longe... Não tinha medo que alguém visse para onde eu olhava. Meu medo maior era não ter para onde olhar... E o coração estava empenhado, comprometido com o meu sonho. De certa forma continuo assim.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Quem é você?

Quem tem os estes olhos lindos
Mais estranhos deste mundo?
Quem pôs dentro deles
O azul do céu e o verde do mar?
Que quem é este olhar?
Seriam os olhos de um anjo
Ou de alguém que não sabe amar?
Quem é você?
Quem o pôs neste mundo?
Foi o anjo do mal ou do bem?
Você é filho de quem?
Das estrelas do céu
Ou das musas gregas?
Você existe
Ou á a imagem de um sonho?
Acho que você é uma ilusão que criei,
Vim ao mundo para te amar,
E só agora o encontrei...

Ly'


Comecei a escrever poesias antes dos 15 anos de idade.
Até hoje tenho um caderno brochura, provavelmente da época que eu estava no 3º colegial, todo encapado com um papel de delicadas flores cor de rosa, que tenho até medo de manipular muito e ele se desfazer, com poesias transcritas. Em algumas há datas e muitas vezes, para quem foi escrita. Este “para quem foi escrita” muitas vezes eu sei que não é muito correto, pois o conteúdo me denuncia. É o caso de “Quem é você?”. O nome que aparece é de um jovem moreno de olhos escuros, mas eu tenho certeza que foi escrita para um loiro de olhos azuis. Qualquer um que ler vai perceber isso.
“Quem é você” é um poema ingênuo e apaixonado que provavelmente deve ter sido escrito em alguma aula de matemática em 1968. Esta era a hora que eu estava sempre inspirada. Não é à toa que matemática faz parte da minha vida.
Lilia Maria

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Solenemente

Um belo dia, no meio da minha tranquila adolescência, quando todo mundo trocava de amor e namoradinhos como quem tocava de blusas, eu, cansada de olhar para alguém que nunca olhava para mim, abro um livro e leio a primeira estrofe de um poema:

Juro por tudo quanto é jura...Juro,
Por mim, por ti, por nós...por Jesus Cristo,
Que hei de esquecer-te! Vê-me ...Estou seguro
Contra teu sólio cuja dor assisto.

Logo pensei: “- É isso... Tenho que esquecer, não dá mais para ficar esperando que ele veja que eu existo. Acho que se eu tiver firme este propósito vou conseguir um dia passar por ele sem virar o rosto para admirá-lo.” Continuei lendo o poema e fui me encantando com a jura:

E visto que dúvidas tanto...visto
Que ris do que é solene, te asseguro,
Juro mais: pelo ser em que consisto!
Por meu passado! Pelo teu futuro!

Continuei pensando: “- Ah! Se eu tomasse coragem e dissesse para ele que tomei a decisão, creio que ele duvidaria também. Ele sabe que desde que eu era menina fico assim, olhando feito boba e esperando que ele chegue perto de mim.”

Juro pela Mãe Virgem Concebida!
Pelas venturas de que vou ao encalço!
Por minha vida...Pela tua vida!

“- É isso, está jurado. Um dia ele há de perceber que eu não faço mais parte do fã-clube!!!” E aí eu li a última esfrofe...

Juro por tudo que mais amo e exalto:
E depois de uma jura tão comprida
Juro...Juro qu'estou jurando falso!...

Ri muito de mim mesma... Achei que esta última estrofe deveria ser esquecida. E nunca mais pensei no assunto.
O tempo passou, os rumos das nossas vidas mudaram, o amor adormeceu, vivi outras paixões, casei, tive minhas filhas, separei, fiquei só, e o amor de criança continuou quietinho, guardadinho... Sobrou um imenso carinho pelo mocinho que me fez suspirar milhões de vezes.
Hoje eu sei que se tivesse feito a jura e realmente esquecido o último verso, teria cometido um pecado.

Lilia Maria


Solenemente foi escrita pelo poeta Hermes Fontes (1888 / 1948)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vou contigo...

Faço versos dos seus versos
Que vivem a me contar
Dos campos verdejantes,
Das montanhas e campinas,
Do cheiro de chuva no ar.
Esta terra que arrebata
Os seus sonhos de menino,
É o leito gentil
Que escolheste para descansar,
Mas eu o vejo caminhando,
Pés descalços sobre a relva
Sentindo a força da terra
Que ela está a acobertar,
Ou sentado à beira do riacho
De águas frescas e cristalinas,
Saboreando um cigarro de palha,
De baixo do jequitibá.
Este é o seu mundo,
Este é o seu lugar.
E o meu, qual será?
Já repondo com a certeza
Que não serei levada à sério,

Mas mesmo assim eu vou falar
Que vou muito feliz
Para onde meu amor me levar
.

Lilia Maria

Meu amor não é pouco e nem louco, mas é um amor que veio para ficar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Na medida certa

Amor não se mede em palmos,
Em jardas, ou polegadas.
Não se mede com trena,
Com paquímetro ou fita métrica.
Amor não se mede...

Não tem amor maior ou menor,
Não tem amor mais raso ou mais profundo.
Amor é amor...
Não tem peso nem ocupa espaço,
Não tem melhor nem pior.

Não tem amor de brincadeira,.
Não tem amor em dose dupla,
Amor vem na medida certa.
E tão certa é a medida,
Que cada um tem quanto precisa.

Lilia Maria

Falei em medida de amor... Mas e idade? Amor tem idade? Não idade no sentido de amar depois dos 30, 40 ou 50... É idade mesmo, tipo "amo Fulano há 45 anos"... E tendo idade, o amor envelhece? Floresce? Rejuvenesce? Renasce? Coisas para se pensar...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E agora?

E agora, Amor?
Você não é o José,
O José do Drummond,
Que estava na festa,
Quando a luz acabou,
Quando o povo sumiu,
Quando a noite esfriou.
Você, que não é um sem nome,
Não zombe dos versos
De quem ama você.
E agora, Amor?
Agora é com você.
Você, que andava sem rumo,
Vai entrando no prumo.

O José do Drummond
Não tinha discurso,
Não tinha mulher,
Não tinha carinho,
Não podia beber,
Não podia fumar,
E agora, Amor?
Você pode tudo!
Está com a chave na mão,
É só abrir a porta.
E para você a porta existe,
O mar não secou,
E você nem precisa ir para Minas,
Minas que para o José acabou...
Amor, e agora?

Você não está sozinho no escuro,
Não é um bicho do mato,
Nem precisa de cavalo preto
Para fugir a galope.
Você não é o José do Drummond,
Nem eu sou o Carlos que escreve poesia
E que pergunta insistente:
E agora, José?

A vida é sua,
Seu povo não sumiu
Sua festa não acabou,
A noite não esfriou,
A luz não apagou,
Ninguém partiu
E estamos esperando você.
E aí, Amor? Você não vem?

Lilia Maria

Este poema, um quase plágio do "E agora José" do Drummond, é apenas uma gostosa brincadeira com palavras e idéias. Um dia ainda escrevo outra no mesmo estilo utilizando a pedra do caminho ou o bonde cheio de pernas.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Toda ajuda é bem vinda?

Quando eu era professora da Escola Técnica São Luiz, em uma reunião pedagógica, o elemento motivador foi um desenho animado. A história é mais ou menos o que segue.
O Sr. X vinha andando pela estrada com seu carinho vermelho quando de repente deu pane geral. Ele desce do carro, abre o capô, olha, olha, olha e não descobre nada. Fica desanimado... ombros caídos, olhar perdido.
De repente voa no céu um aviãzinho vermelho. O piloto percebe que o companheiro lá embaixo está com problemas. Pousa o avião, examina o carrinho e resolve transformá-lo em um avião. A porta vira asa e ... nada. O carrinho continua parado. O aviador vai embora triste e o senhor X continua desolado.
Aí aparece um tratorista com o seu tratorzinho vermelho. Ele para, olha, pensa e acredita que achou a solução. Pega uma bomba de ar e infla o pneu traseiro. Nada... O carrinho, que agora mais parece um trator, não sai do lugar... Nada resolvido e tudo mundo entristecido.
Então aparece um carro-guincho vermelho. Senhor X pula de satisfação... Finalmente alguém que vai resolver o problema. Todos nós acreditamos nisso, mas... O dono do guincho olha para o carrinho... olha para o seu caminhãozinho e decide que tem que transformá-lo em um guincho também. Arranca a tampa da porta-malas, monta o gancho de içar carros e... vai embora pois o carro continua com problemas...
Não me lembro o final da história, nem mesmo que alguém fez o carro pegar, mas o que foi dito até aqui já dá para pensar... e concluir...
- Não me adianta querer ajudar alguém tentando fazer do outro a minha imagem e semelhança. Não funciona...
- Nem sempre a solução que eu vejo é a ideal para resolver o problema do outro...
Além do que a história mostrou, temos que pensar também que ajudar alguém sempre é bom, mas o outro tem que querer ser ajudado também...

Lilia Maria

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sem pudores...

Como é bom fazer amor...
Amando alucinadamente
Como se fosse a última vez,
Como se fosse a única vez,
Como se fosse a primeira vez...
E me perder nos braços
Que me cobre de abraços,
E me perder na boca
Que me cobre de beijos,
E que faz carícias loucas,
Molhadas,
Apaixonadas...
Como é bom adormecer em seus braços,
Sonhar com tudo de novo,
E acordar enroscada,
Acariciada,

Com sua mão segurando meu seio
Docemente,
Carinhosamente...
Ver seus olhos sorrindo
Mansos,
Repousados,
E o corpo relaxado,
Satisfeito,
Refeito...
Como é bom amar...


Lilia Maria