quarta-feira, 30 de março de 2011

Ausência

Acreditava que ausência
Era o oposto de presença,
Mas que engano mais grosseiro!
O presente pode estar ausente
Enquanto a alma flutua
E do corpo se distancia.
A alma vaga por outros caminhos
E corpo continuar ali
No seu papel cotidiano,
Agindo normalmente.
Pode-se viver assim por anos
Sem se dar conta que a vida passou,
Que o sonho acabou,
Que o coração secou.

Lilia Maria

Mercador de Sonhos

Passou por mim,
Ofereceu um sonho,
Depois outro,
E mais outro depois.
Fiquei com todos.
E sonhei...

Alguns realizei
Outros guardei,
Preenchi minhas gavetas,
Coloquei no fundo do armário,
Tranquei no cofre,
Cada um teve seu fim...

Mas a gente cresce,
E esquece,
Que é preciso sonhar...

Qual o limite de um sonho?
Até onde eu posso chegar?
O que me é permitido sonhar?

Difícil responder,
Difícil explicar...
Não há limite pra sonhar,
É sempre permitido ousar.

Preciso limpar minhas gavetas,
Tirar tudo do armário,
Achar a chave do cofre,
Resgatar meus velhos sonhos.
Dividi-los com amigos,
Retomar um de cada vez.

E, quando o mercador
Por mim de novo passar,
Vou trocar antigos por novos,
Outras possibilidades experimentar,
E solenemente vou jurar:
-Nunca mais paro de sonhar!


Lilia Maria 15/12/2001

Qual é o limite de um sonho? Esta foi a resposta que o Prof. Paulo Freire deu à Suzy e eu quando, ao entregarmos o Projeto Gênese para ser assinado, perguntamos até que ponto nos era permitido sonhar. Sonhamos... E quase sem limites...

terça-feira, 29 de março de 2011

Mulher-menina

Uma mulher apaixonada pela vida
Ou uma menina que sorri divertida
Da própria existência,
E de toda a sua experiência?
Não há nada mais encantador
Que o seu semblante relaxado
Ao contar mais uma vez
Que ainda não deu certo.
A mulher espera o desfecho,
Mas a menina não para
E vai a busca do novo
Num eterno recomeço.
Nem menina, nem mulher,
Apenas uma pessoa linda
Quem um dia, não por acaso,
Deus me fez encontrar.


Lilia Maria


Esta é pra você Celisa!

Não sei se ficou tão boa quanto àquela que perdi quando tiraram meu site "Amor Antigo" do ar, mas a idéia ainda é a mesma...

Beijoca...

segunda-feira, 28 de março de 2011

O último discurso

de “O Grande Ditador”


Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

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O post anterior eu trouxe do meu antigo site de poesias, "Amor Antigo".

"Buscando ser feliz" foi escrita na madrugada de 29/12/2002, depois de ter assistido no cinema "O grande ditador". Chapin é tudo de bom... O discurso me emocionou tanto que quando cheguei em casa não conseguia dormir. Lembro-me que escrevi o poema e postei no embalo, sem música, sem fundo de tela, sem formatação.

Para quem não conheceu, em "Amor Antigo" cada poema era postado depois de uma minunciosa escolha de imagens e músicas. Para "Buscando ser feliz" a imagem é esta que ilustra o meu blog e a música não poderia deixar de ser "Over the rainbow".

Lilia Maria

domingo, 27 de março de 2011

Buscando ser feliz

Que a leveza do pensamento
Percorra campos verdejantes,
Lagos de águas tranqüilas,
Mares de espumas flutuantes.

Que olhos vejam a beleza
Do romper da casca de um ovo,
Do desabrochar de uma flor,
Do vôo gracioso dos pássaros.

Que o homem descubra em si
O motivo da sua jornada ,
A determinação para buscar mais largos horizontes,
A certeza de um amanhã promissor.

Que cada minuto de prazer seja eterno,
Que a felicidade não seja efêmera,
Que a vida seja uma dádiva,
Que a paz de espírito seja perene.

Que a alma tenha asas para voar,
E o grande arco-íris possa encontrar,
Onde de um lado se tenha a força do saber,
E do outro a riqueza das emoções.

Seja a vida uma arte!
Seja a alegria um dom!
Seja o amor sincero!
Seja a felicidade constante!

Lilia Maria

quinta-feira, 24 de março de 2011

Folha

Folha da árvore caída,
Balança solta ao vento,
Vai pra lá, vem pra cá,
Rola, voa, cai e torna a rolar.
Parece ter vida,
Pelo vento movida,
Até seu destino encontrar.

Então, já amarelecida,
No canto esquecida,
Fica a esperar,
Que o vento sopre,
Que a chuva caia,
Que algo aconteça,
Para seu destino mudar.

Lilia Maria

Uma poesia de outono.
Os dias frios e úmidos começam a preparar o inverno.
Amo o inverno, o ar frio penetrando nas narinas, o céu azul sem uma nuvem, o sol que brilha mas não dá conta de esquentar. Tudo isso dá ao meu dia um ar europeu. Saudades de Barcelona...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Tempo

Quem tem tempo
De dar tempo?
Quem tem tempo
De perder tempo?

Não tenho tempo.
Tenho todo tempo.
Não dá tempo.
É sempre tempo.

Quanto tempo!
Faz tempo!
Em tempo...
Sem tempo...

A palavra tempo anda me rondando
E rodando na minha cabeça.
Ou faço o tempo render
Ou vou escutar: tempo esgotado pra você.



Lilia Maria

Tenho até domingo para acabar de escrever o bojo da minha dissertação. Dá tempo????

terça-feira, 22 de março de 2011

Sala de espera

Na sala de espera,
Olhos aflitos, benditos,
Me examinam à entrada.
Vasculham minhas entranhas,
Buscam motivos, razões
Para que eu esteja ali.
E sorriem acolhedores,
Solidários, cúmplices
Na mesma batalha,
Na mesma sina.
Gestos serenos, contidos,
Dão boas vindas aos que chegam,
E encorajam silenciosamente,
Cautelosamente, docemente,
Os que parecem perdidos
Diante da nova situação.

Lilia Maria


Bem vinda à vida!

Foi assim que a técnica se despediu de mim no último dia da radioterapia.
Naquele momento eu estava renascendo. Eu tinha certeza que estava curada e que nunca mais veria em qualquer exame meu aquelas palavras que me deixaram quase sem fala alguns meses antes: carcinoma.
Foram 28 sessões. Normalmente eu era uma das últimas clientes do dia, e sempre chegava cedo com a esperança de poder ser atendida antes. O meu horário habitual era 23:30h. Ia sozinha, muitas vezes depois de um dia de mais de 12 horas de trabalho.
Escrevi este poema na sala de espera onde eu via olhos esperançosos, descrença e prostração; sorrisos, lágrimas e indignação diante da vida e da provação. Foram dias de tristeza e cansaço, dias de muita reflexão e de encontros com o mais íntimo dos meus eus. Foram dias de confissão.
Aprendi mais de mim mesma do que já havia feito em toda a minha vida. Foram dias de perdão.
Bem vinda à vida! Eu estava pronta...

Quimera

Todo meu sonho há sido uma quimera,
Minha esperança fora uma ventura,
Sonhei, amando a própria desventura,
De mais tarde voltar a primavera.

Ah! quanto me enganei, tão louco eu era,
Doce julguei a existência dura,
E longe de pensar na sepultura,
Zombei de quem a sorte não venera.

Chegou o meu tempo e agora me convenço,
Que à parte dos felizes não pertenço,
Nem sonho mais da vida a liberdade.

E as ilusões que partem tristemente,
Dizem-me a soluçar com voz plangente:
-Morre a quimera? nasce uma saudade.

André Castiglione
1916
Lembro-me, ainda menina, escutar, enternecida, minha avó contando do irmão poeta, falecido aos 24 anos, que em seu leito de morte teria composto um dos sonetos mais belos que já li.
Lembro-me também, na adolescência, ensaiar escrever alguns versos, mas que nunca mostrei a ninguém. Não acreditava que pudesse ter o talento daquele que me encantava a cada vez que lia "Quimera".
Pouca coisa consegui salvar dos seus versos, mas de todos sem dúvida este é o que mais me comove.
Lilia Maria

segunda-feira, 21 de março de 2011

Equilíbrio

Ser dura
Sem perder a doçura,
Ser maleável
Sem perder o objetivo,
Ser justa
Sem perder a generosidade,
Ser racional
Sem deixar de sonhar,
Ser amável
Sem parecer servil.
Eis um grande desafio...


Lilia Maria

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sopa de letrinhas

Pingo,
Ponto,
Vírgula
E pronto,
Começo outra vez a escrever.
Põe acento,
Tira trema,
Tira teima
Consulta o dicionário.
Tem dois esses
Ou cê-cedilha?
É com jota
Ou escreve com gê?
Sigo escrevendo
Bem depressa
Antes da idéia fenecer.
Não importa a grafia
Se o outro puder entender.

Lilia Maria

Na pressa ando esquecendo o Português. Ainda bem que tem corretor ortográfico no Word... E se ele não me ajudar, sempre tem o mini-Aurélio de plantão.
Quando participei do grupo de autoria de um dos livros do Prof. Scipione, um dos colegas, o Edson do Carmo, "inventou" a regra do gancho para a nossa revisora. Era mais ou menos assim:
- colocava-se nas margens do manuscrito todo tipo de acentuação que a frase poderia conter. Se faltasse o acento, a revisora poderia fazer a associação do acento com a letra.
Esse era o gancho... Era só pescar a acentuação...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Ciclos

Entardeci,
Anoiteci,
Morri...
Mas da mesma forma que o dia
Se refaz na alvorada,
Vou em busca do sol,
Do calor,
Da luz,
Dos ventos que assopram
E me fazem sentir renascendo.
A vida é cíclica...
Nascemos e morremos,
Alvorecemos e entardecemos,
Vivemos...

Lilia Maria

Ultimamente acordo todos os dias pensando ser este o último... Da minha vida??? Não ... Não penso morrer tão cedo... Tenho muito que viver ainda...
Penso que é o último do meu trabalho. Acho que a ansiedade é tanta que acabo andando em círculos em torno do tema que desenvolvo.
E aí vou eu... Mais um dia de trabalho... Quem sabe amanhã eu possa ter um novo começo... Esperança é o que nunca me falta.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Criador e criatura

Poesia é arte
E faz parte
Do mundo da criação.
Poeta é o artesão
Que reúne palavras
Que brotam no coração.

Poesia é rima
Ou o termo que combina
Com a idéia
Que da mente do poeta nasceu.
Poeta é gente boa,
Poeta é gente linda
Que espalha emoção.

Poesia alimenta a alma,
Acalma o espírito,
Para a canção da vida, dá o tom.
Poesia é um sonho bom.
Poeta é sonhador,
Poeta é encantador.

Poesia é o pensamento
Que o poeta não guardou.
Poeta não faz segredo
Daquilo que pensou.


Rô Martins & Lilia Maria

Rô Martins foi minha aluna na mesma época que o Rogério Santos.
Eu comecei o texto, ela foi completando. Depois dei uma acertadinha e aí está... uma boa parceria..
Acho que poesia está na alma de gente que quero bem...

domingo, 13 de março de 2011

Bailarina

Menina,
Que sina,
Vida de bailarina!

Com a leveza da ave,
Que plana no ar,
Flutua no palco,
Feliz a dançar.

E rodopia,
Com graça e destreza,
À música emprestando,
Toda sua beleza.

Ao te ver tão faceira,
Fico a resgatar
No tempo passado,
Um outro bailado.

E longe vai a imaginação!
Menina,
Me ensina,
O que é ser bailarina?

Lilia Maria

Este poema foi escrito há tanto tempo que a pequena bailarina nele retratada hoje deve ser uma linda moça.

sábado, 12 de março de 2011

Misturando idéias

A felicidade se conta em contos. Este é o nome do samba enredo campeão apresentado pela Dragões da Real.
Logo que comecei a frequentar os ensaios, prestei atenção na letra da música e percebi que ela me dizia muito.

Vem ser criança vem brincar
No mundo da imaginação
Viver a fantasia
Voar com o meu dragão

Creio que todos nós, independente da idade, mantemos um lado criança, ingênuo, feliz, brincalhão, que muitas vezes sufocamos em nome de imposições da sociedade. Há quem esconde tanto este lado que deixa de sorrir, de olhar com alegria a vida que está aí, louca para ser vivida com emoção.
Depois do desfile final da sexta-feira, vou mergulhar em outro sonho que se chama “Geoinformação como ferramenta de apoio à decisão para a acomodação da demanda de Educação Infantil em escolas públicas da cidade de São Paulo”. Não sei se posso chamar isso de sonho. Geotecnologia não é sonho, é realidade e terminar este trabalho está virando um desafio.
Muitas foram as dificuldades enfrentadas no meio do caminho. Mudei os rumos do trabalho, batalhei para conseguir informações coerentes, escrevi muito, estudei muito, descobri um mundo de coisas importantes que deveriam fazer parte do meu trabalho desde o começo. Tem horas que me sinto leiga no assunto, mas tem horas que percebo a importância da experiência acumulada em anos e anos de trabalho sério e profícuo.
Se o “grand finale” do Carnaval foi o desfile apoteótico das campeãs, com relação ao meu trabalho o desfecho certamente será a apresentação perfeita das idéias (e não sonhos) que acalento desde que abracei a área da Informação.
Vamos em frente apesar de tudo. Foram justamente as dificuldades e desencontros que tornaram este trabalho cada vez mais gratificante e desafiador.
Voltar ao sambódromo com pompa e circunstância, depois da chuva que encharcou as fantasias, dos cinco tombos, de um grande corte na perna, mostrou que posso imprimir ao meu trabalho a mesma garra e determinação que andava meio perdida ao meio de tantas adversidades.
Creio que da Avenida eu me despedi para sempre, mas certamente este trabalho não será a minha despedida da Academia.

Lilia Maria

sexta-feira, 11 de março de 2011

Brincadeira de criança

Passa, passa,
Pula, traça,
Passa, pula,
Traça e passa...
Brincando com a vida,
Pula e passa,
No traço do compasso,
Passa e pula sem trapaça.
Um jogo, uma brincadeira,
Passa anel,
Pula pula,
Jogando amarelinha,
De um pé só,
Dois só na lua.
E a pedrinha que rolou,
Foi embora,
Caiu na roda,
Ciranda, cirandinha,
Roda e pula
O verso final.

Lilia Maria

quinta-feira, 10 de março de 2011

Guarda-chuva

Quando o dia raiou
E o sol não brilhou,
Só pude pensar
Na chuva que ia chegar.

A roupa molhada,
O cabelo empapado,
O pé encharcado,
Onde está meu guarda-chuva?

Escondindo da água,
Escondindo de mim,
No canto esquecido,
Meu pobre querubim...

Dele nunca lembro
Quando vou passear,
Mas quero-o comigo
Quando vou precisar.

E se isto acontece
Nunca fico a me culpar
É ele que é rebelde,
E não quer trabalhar.

Lilia Maria
Em plenas águas de março, com tanta chuva fazendo estragos, não tem como não se lembrar do pobre guarda-chuva. Já tive muitos, de todas as cores, de todos os tamanhos, muito se quebraram, muitos foram perdidos, alguns deixaram saudades, de outros nem me lembro. Mas uma coisa é certa, já me fizeram muita falta...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Amor diferente

A porta bate com força,
O vento não a deixa em paz,
E zune através da vidraça...
E faz a chuva cair.
A tarde fica triste,
Triste fica meu coração
Pensando que havia calor no passado,
Mas passou, esfriou, acabou...
O amor, o calor, e agora a dor.
E, quando mais nada restar
Poderei de novo encontrar
A ressonância, o eco, o espelho.


Quero um amor diferente,
Que me ajude fazer o macarrão,
Que enxugue os pratos e a pia,
Que venha comigo caminhar,
Dividir, transgredir, cumpliciar,
Sempre...

Lilia Maria

Escrevi este poema no dia que resolvi que iria ser feliz. Abri portas e janelas, deixei o sol entrar. Estava pronta para recomeçar. Buscava um parceiro de jornada. Se ele acontecesse seria a melhor coisa da minha vida, mas deveria ser uma pessoa muito especial.
Minha amiga psicóloga, Sandra Cardoso, sempre me dizia que era preciso viver o luto em toda a sua plenitude para poder virar a página de verdade. Eu tinha que virar a página, não apagá-la. As experiências do passado sempre nos fazem enxergar o que almejamos para o futuro.
Hoje, começando a escrever uma nova página no livro da vida, sei muito bem o que quero e o que espero. Finalmente consigo caminhar de olhos bem abertos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Ser mulher

Firme como uma rocha,
Suave como uma brisa,
Maleável como o ouro,
Constante como a própria vida.

Ser mulher é ser esteio,
É buscar a perfeição,
É ter luz para iluminar
Os mandos do coração.

Mulher é amor,
É emoção, é razão,
É verso e prosa,
É magia, é canção

Bendita seja esta figura,
Que rege a vida com maestria,
Que tem algo de divino,
De sonho, de alegria.

Lilia Maria

Fui buscar este poema escrito há muito tempo para ser o texto comemorativo do "Dia Internacional da Mulher". Inspiração? Minhas amigas, mulheres guerreiras, que nunca se deixaram abater pelas adversidades que enfrentaram. Elas são exemplos de garra e determinação e muitas vezes me serviram de espelho quando tive que tomar as rédeas da minha própria vida. Um beijo enorme a todas!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Eternamente

Eterno sempre,
Um sopro,
Uma brisa,
E de repente um furacão.
O fogo do vulcão
Que saiu da dormência
E arrasou a lassidão.
Latente à distância,
Fervilha com a aproximação.
É calmo,
É profundo,
É ternura,
É paixão.
Não sei de onde veio,
Não sei para onde vai,
Mas sei que está presente,
Dentro do meu coração.


Lilia Maria

O que é imortal não morre no final. É isso que diz a canção.
Pessoas não são imortais. Dizem, os que estudam a espiritualidade, que há vida pós-morte. Eu creio na imortalidade da alma.
Do ponto de vista das ciências, um dos alicerces básicos da física, é o princípio da conservação da energia. Ora, somos pura energia. O que acontece quando morremos? A energia não morre, pois se acabasse não valeria o princípio. Então para algum lugar ela há de ir. Outro mundo? Outro planeta? Outra dimensão? Existe um mundo paralelo? Que engrenagem é esta que move a vida?
"Eternamente" foi escrita no meio de um turbilhão de idéias que me passam pela cabeça quando penso que estou resgatando alguém de outro plano que deveria fazer parte da minha vida neste momento. Não fosse assim, não teria sentido a história que estou vivendo.
Nada acontece por acaso... O Grande Arquiteto rege esta grande orquestra e sabe a hora certa que cada instrumento deve tocar.