quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Canção do nada



Era doce,
Era pura,
Era cantiga antiga,
Era canto de ninar.
Tinha rima,
Tinha refrão.
Tinha mais de uma paródia,
Uma para cada situação.
Era meu verso,
A minha lira,
O meu hino,
O meu diapasão.
E me cabia como a luva,
E me cobria como um véu,
Era meu tudo,
Era meu nada,
Minha história,
Meu ocaso.
E vou ficando por aqui,
Antes que a voz venha a faltar
E nunca mais possa cantar.

Lilia Maria

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Historias do meu pai (II)



Muitas vezes eu não sei dizer o quanto das histórias que o meu pai conta são verdadeiras. Em todo caso...

Século XVIII, Itália, condado de Castiglione. Um jovem nobre estava destinado a ir para o seminário, cumprindo assim a promessa da família. Mas não era o que ele queria.
Bonito, inteligente, “bon vivant”, Vicente (ou Vicenzo como seria seu nome de batismo) resolveu concordar com a família, mas tinha um plano para escapar para sempre da vida religiosa.
Tão logo foi passível, reuniu sua bagagem e o dinheiro que pode e seguiu para abraçar o celibato. Entretanto, no meio do caminho simulou um acidente fatal. Sua família foi avisada, choraram a sua morte e se conformaram com a pouca sorte do filho.
Enquanto isso o nosso jovem foi viver a vida.
Alguns anos se passaram, e ele já sem dinheiro, com saudades da boa vida junto aos pais, resolveu voltar. De novo traçou um plano. Antes de mais nada precisava saber se seria bem recebido.
Sua aparência agora era bastante diferente daquela do quase menino que havia saído se casa. Voltou à sua cidade e não foi reconhecido, então decidiu ir até a casa paterna.
Bateu à porta como se fosse um andarilho a procura de comida e abrigo por uma noite. Sua mãe, mais velha e entristecida pela perda do filho, o recebeu com todo carinho. Durante a refeição, entre uma conversa e outra, contou, com muito pesar, a história do filho. Ela estava emocionada e encantada em poder alimentar um rapaz que tinha mais ou menos a mesma idade que seu filho teria, e toda hora repetia que ele a lembrava de alguém.
Depois da refeição ela ofereceu o quarto do filho para que ele descansasse. Levantou-se para mostrar o caminho ao caminhante e, qual não foi a sua surpresa quando ele lhe disse:
- Eu ainda me lembro do caminho, minha mãe.
Se fosse meu filho acho que levaria uma surra, mas não sei o que aconteceu. Creio que nem meu pai sabe.
Na família a história parece que se repetiu. Um primo do meu pai, neto do Vicente, simulou também a sua morte para sair do julgo do pai, mas isto é uma história que fica para outra vez.

Lilia Maria

domingo, 6 de janeiro de 2013

Sete mágico

Sete mágicos dias
E a semana findou,
Foram sete cores diferentes
E o arco iris se formou,
Brilhou...
Em sete alianças
Que agora têm  nomes
Um para cada motivo da felicidade.
Amor,
Fidelidade,
Simplicidade,
Lealdade,
Verdade,
Cumplicidade
E amizade.


 Lilia Maria

Trago no meu dedo anular um anel formado por sete alianças. Todas juntas trazem o segredo  da real felicadade. Será?


sábado, 5 de janeiro de 2013

Para quem não gosta de aniversariar



Tenho alguns amigos que odeiam aniversariar, outros adoram e comemoram com pompa e circunstância.

Este texto foi  escrito para um dos que pensam em fugir  de tudo e de todos neste dia.

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Antes que você fuja no dia do seu aniversário, preste atenção:

- fazer aniversário tem o sentido que você quiser dar. Pode-se comemorar mais um ano de vida, de experiência acumulada, de alegria, de vivência... Mas pode-se também não querer comemorar por se pensar que não é mais um ano de vida e sim um ano a menos a se viver. A escolha é sua.

- fugir, pegar um avião e sumir, passar o dia longe de tudo e de todos é um direito. Você tem livre arbítrio sobre os seus atos e os seus desejos. Se esta é a sua vontade, faça! Mas já te digo que isto não fará o tempo parar. O tempo nunca para... O que pode acontecer, e eu já vivi esta experiência, é você voltar deste “mergulho” tão relaxado que as pessoas acharão que você está remoçado. Felicidade e paz de espírito fazem com que a gente se sentir jovem.

- gostaria muito de pelo menos lhe dar um abraço no dia do seu aniversário, se não for possível, paciência, a gente se abraça quando acontecer o nosso próximo encontro. Talvez você pense que o abraço é só pelo reencontro, mas eu saberei que nele cabe felicitações, saudades, carinho, desejo de uma vida longa e feliz, e por aí vai.

- Você pode até sumir no dia do seu aniversário, mas você vai ter que voltar, certo? Aí eu poderei dar o presente que estou preparando com muito carinho. De qualquer forma, acho que o prazer será mais meu em dar do que seu em receber.

- eu sempre considero que o aniversário (e não o Ano Novo) deve marcar o início de uma nova etapa. Eu gosto de dividir este momento de começos e recomeços com pessoas que eu quero bem. Este é o meu modo de comemorar. Se o seu modo de comemorar é ficar longe de todos, a única coisa que todos devem fazer é respeitar, afinal é o seu dia.

- por fim, sinta-se sempre abraçado por mim no dia do seu aniversário.


Lilia Maria

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Oração

E foi assim
Que num belo dia,
No meio da calmaria,
Deus me ensinou a rezar.
Que cesse a hipocresia
Que não faz ninguém feliz,
Que cesse a pouca verdade,
Que virou uma bandeira
Tão fácil de hastiar.
Vem para vida,
Ela só vale a pena
Se for para se alegrar.

Lilia Maria