sábado, 18 de setembro de 2010

Garimpando palavras

Estou aqui hoje às voltas para escrever uma mensagem para um senhor que considero muito e que vai aniversariar na semana que vem. Não sei por onde começar.
No ano passado, último ano em que ele ainda podia ser chamado de cinqüentão, veio fácil o tema que me deu inspiração: um abraço. E por que o abraço? Lembrei do dia que marcamos de tomar café e ele chegou meio atrasado. Eu estava ali, sentada no banco da pracinha, quando entra um carro depressa na curva, e para meio torto no meio fio... Não vou dizer o que pensei, pois depõe contra nós dois. Ele saiu do carro, com cara de quem perdeu a hora de acordar, meio sem graça e já pedindo desculpas. Simplesmente abri os braços, e disse com toda sinceridade: - Santa criatura, que bom te ver outra vez.
O poema saiu limpo, sem retoque, como tudo que escrevo com a alma e o coração. Depois acabei pensando outros versos, outras formas de expressar o quanto gosto de abraçar e ser abraçada. Para mim o abraço é vital.
Hoje a palavra não engrena... Só consigo imaginar que a grande maioria dos meus amigos já está chegando lá... Despendem-se idade mágica de quem algo mais que meio século viveu e vão se envolvendo pouco a pouco, quase sem sentir, no orgulho de ser um sexagenário, com tudo em cima, lindos, maduros, prontos para continuar a jornada como quem acaba de começar.
Como já disse algumas vezes, não importa a idade, os cabelos brancos pintados (ou arrancados) pacientemente pelas vestais do tempo, as marcas deixadas como pegadas que denunciam a data da certidão de nascimento ou outras coisas que muitos ostentam orgulhosos, mas que outros tentam de todas as maneiras esconder. O que vale de fato nesta vida é a história que escrevemos e deixamos escrever naquele livro que nos foi legado na hora em que fomos gerados. São as páginas que ousamos povoar, nossas ou de quem vamos encontrando na estrada, que se entrelaçam e vão formando uma infinita enciclopédia do viver e do saber.
Não sei como começar, mas vou certamente saber terminar, dizendo que sinto falta dos encontros casuais que há muito não acontecem e enviando mais um abraço para a santa criatura que insisto em não colocar de novo na caixa dos guardados do passado.
Lilia Maria

6 comentários:

  1. Em tempo:
    Feliz aniversário Zezo (22/09)! Este post foi escrito pra vc.

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  2. “O poema saiu limpo, sem retoque, como tudo que escrevo com a alma e o coração”
    Quer mais que isto?
    Imagine se estivesse inspirada hein!
    É cara amiga, mesmo quando diz estar sem inspiração tu tens entusiasmo criador, este é o fato.
    Mas não posso deixar de comentar a questão da idade cronológica que você sutilmente aborda.
    Cinquentão... Sexagenário... Mas... Ninguém perguntou ainda: Você já tentou?
    Tentou aqui é ter entrado nos setenta, rsrsrsrs

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  3. Marcia
    Agora eu não entendi...
    Mas pra vc entender do que falei, é assim...
    O Zezo fez 60 anos ontem. No ano passado, quando ele completou 59, escrevi um poema - Abraço - que está postado no blog em setembro de 2009. Então eu digo que o do ano passado foi fácil, eu estava inspirada pelo que havia acontecido no nosso encontro, mas que esse ano eu só conseguia lembrar que os meus amigos estão chegando lá. E aí eu te pergunto: tentei o que? Estou longe dos setenta... e meus amigos também...

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  4. Eu entendi Lili.Por isso eu disse que vocês ainda não ouviram a pergunta se já entraram nos 70.
    É que meu amado já ouviu a pergunta,e foi desta forma:Você já tentou?pois ele está com 69.Entendestes?
    A pessoa que fez a pergunta já tentou,pois já tem 70.
    Grande abraço!

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  5. Tá certo... cê tenta...
    cê tenta um...
    cê tenta dois...
    Até tentar 9, e aí... num tenta mais... rs...
    Se passerem 10 anos... aí vai começar a não ventar... vai dar um calor!!!! rs...

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