quarta-feira, 6 de julho de 2011

Olhares

Minhas vestes cobrem apenas a nudez,
A alma continua exposta.
Quem me vê com os olhos,
Enxerga o colorido das roupas,
Mas não a cor da emoção.
Quem me vê com o coração,
Percebe a palidez do silêncio
Que guardo não sem razão.


Lilia Maria

terça-feira, 5 de julho de 2011

A quem interessar possa

Ele não ama mais?
Nem menos?
Continua amando como sempre?
Amando ninguém?
Então ele tem amor...
Você é ninguém...
E, como ninguém é eterno,
E eterno só Deus,
Você é uma divindade.
Que privilégio ser ninguém nesta vida...
Ei você ai
Que briga para ser alguém!
Se liga!
A vida é muito maior
Que o caminho do seu olho ao umbigo...

Lilia Maria

De vez em quando é preciso chacoalhar alguém.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dormir de colherinha

Dormir de colherinha... ou de conchinha... é tudo de bom...
Quando eu ia me casar, um amigo falou muito sério para nós dois: olha, nem tentem dormir agarradinhos... sobra braço, sobra perna... Fala boa noite, dá beijinho, e depois é “bunda com bunda...”
Na minha santa inexperiência, achei que estava certo. Mas o tempo foi passando, e a gente foi se conhecendo e se soltando... O sexo foi ficando mais gostoso... os limites foram se alargando... idéias foram surgindo... Hoje o meu conselho para moças casadouras seria este:
A dois, entre quatro paredes não tem proibido. Tem que ter entrega, tem que ter confiança, tem que ter vontade de agradar.
De repente o dormir “bunda com bunda” é bom, mas tem coisa melhor... Um dia se acorda exatamente na posição que se estava no último minuto do suspiro final do orgasmo fatal. Fatal, porque depois dele parece que o mundo acabou... E vocês estão renascendo... leve... gostoso... uma letargia só...
Dormir de conchinha é tão bom quanto isso que eu acabei de escrever. Não precisa nem passar a noite toda encaixadinho. É fazer a parceira adormecer... É o aconchego... É o se sentir gostado... Mesmo que não rolou sexo, é quase tão prazeiroso quanto o melhor dos sexos que se pode proporcionar para alguém... Aliás, se o sexo não for tão bom, acredite, uma mulher certamente vai achar o melhor da vida dela se o parceiro terminar a noite assim...




Lilia Maria

Coisas de Inverno III - Casamento mais que perfeito

Um casamento perfeito pode se tonar mais que perfeito. Basta acrescentar um detalhe.
Nessas noites geladas uma boa pedida é saborear uma sopa, ou caldo, ou creme, ou qualquer coisa bem quentinha. Isso, uma taça de vinho tinto encorpado e uma boa conversa pode ser um casamento perfeito para espantar o frio.
Ontem o meu casamento perfeito virou mais que perfeito. Creme de queijos servido no interior de um pão italiano fresquinho e crocante realmente me fez esquecer o vento gelado que soprava lá fora.
Está certo que além do pão italiano eu queria também o “pão italiano”, mas isso é uma outra história. De qualquer forma eu estava em boa companhia, e a conversa, definindo um roteiro por Buenos Aires, no mínimo aguçou a minha vontade de “colocar o pé na estrada”.

Lilia Maria

sábado, 2 de julho de 2011

Coisas de Inverno II - Clave de Sol

Clave de Sol. Este era o nome de um café que eu frequentava, principalmente durante o inverno, no final dos anos 70.
O charme do lugar ficava por conta do vinho quente que era servido flamejante. Sim, vinha para a mesa flambando. Para saboreá-lo era preciso esperar que o fogo apagasse e depois, que a caneca esfriasse um pouco. Em noites muito frias não demorava a chegar ao ponto certo.
Infelizmente, no início dos anos 80, acabou fechando. Nunca mais encontrei um lugar que servisse vinho quente desta forma. E nem tão saboroso.






Lilia Maria