terça-feira, 31 de maio de 2011

Beijo soprado

Beijo soprado,
No ar apanhado,
Como se apanha um pensamento.
Beijo guardado
Como tempos felizes,
Como horas roubadas,
Como juras trocadas,
Num arquivo do computador.
Escuto o beijo soprado
Mais uma vez...
Mas do outro lado
Não há interlocutor.

Lilia Maria

Eu amo o ciberespaço...
Se um dia me mudar deste mundo, é pra lá que eu vou...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amor aos pedaços

Junterei pelos traços
Os pequenos pedaços
Da jura de amor que escrevi,
E que piquei tudo num repente,
Quando estava de cabeça quente.
Prometi esquecer,
Mas não esqueci.
Ficou tudo no fundo da gaveta,
Guardado como tesouro
Que um dia ainda vou resgatar.
Darei uma grande gargalhada
Do que escrevi apaixonada,
E com tanta ingenuidade
Que nem parece verdade.
Ah! As coisas do coração!


Lilia Maria

Estou tão cansada que precisava escrever alguma coisa diferente. Eis...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O que é o amor?

Seria o amor como o mar?
Imenso, poderoso, envolvente, profundo.
Ora agitado, ora manso,
Ora em alta, ora em baixa,
Lindo quando encontra o céu e traça o horizonte.
Assustador?

Seria o amor como o vento?
Morno, suave, gostoso, arrebatador.
Ora vigoroso, ora calmaria,
Ora trazendo a tormenta, ora trazendo a bonança,
Uma brisa, um sopro, um furacão.
Inconstante?

Seria o amor como a terra?
Cheia de segredos, de vida, macia, arenosa.
Ora fértil, guardando a semente a geminar,
Ora árida, seca, sem nada para dar,
Mas sempre uma promessa de vida por começar.
Esperança?

Seria o amor como o fogo?
Quente, doloroso, que ilumina, que arrasa.
Ora bem vindo, ora maldição,
Ora incontrolável, ora uma chama.
A grande conquista do homem.
Fascinante?

Lilia Maria

terça-feira, 24 de maio de 2011

Só vou gostar de quem gosta de mim

Amor Antigo

Este amor é tão antigo
Que há muito já caducou,
E há tanto tempo existe
Que do meu coração se apossou.
Usucapião com certeza,
Para tomar posse, usou.
Com tanta antiguidade,
E por seu o pioneiro,
A todos os outros expulsou,
E sem pedir ordem ou licença,
Se instalou e ficou.

Lilia Maria





Acho que escrevi este poema para mim mesma, afinal de contas a primeira pessoa que gostei foi de mim mesma, não foi? Toda vez que vejo um bebezinho observando as próprias mãos e os pés, logo penso que ele está namorando a si próprio.




A gente tem que se amar acima de tudo, pois só o amor atrai o amor.



Lembro-me bem que um dia acordei e estava tocando "Só vou gostar de quem gosta de mim". Logo pensei, "é isso!". Depois, no caminho da Editora onde trabalhava, fui matematicando a minha decisão.



- Se eu só gosto de quem me gosta, e quem me gosta só gosta de quem o gosta, estamos todos nos gostando sem medo de gostar. Ô coisa boa! A vida devia ser mais assim.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Despertar

O relógio toca alucinado
Anunciando a hora de despertar,
E o vento zune através da vidraça...
Abro os olhos sonolentos,
Sangra a madrugada
Tingindo o céu de púrpuras cores.
Prenuncio de um dia agitado.
É hora de espreguiçar,
Acordar cada músculo do corpo,
Jogar a dormência de lado
E me levantar.

Mais um dia que chega!
Mais um dia que passa!
É a vida que acontece...

Lilia Maria

domingo, 22 de maio de 2011

Palavras soltas

Agora eu quero contar
O que não conta a minha voz.
Voz que se cala diante da vida,
Diante do espanto
De ver o mito caído,
O anjo que era imortal.
Volta tudo ao normal,
E com um pouco de sorte
Vou encontrar meu norte,
Minha casa,
O meu canto no mundo,
Onde sou dona de tudo,
Da minha vontade,
Dos meus sonhos,
Do meu ideal.
Bem vindo à vida real!
Nela não há espaço para devaneios,
Tem seriedade,
Tem verdade,
Tem felicidade
Que divido com alguns poucos
Que não têm receios em olhar para trás.
Não me escondo diante do medo
De perder tudo
E começar outra vez.
Quem aprende a caminhar sozinho
Não para diante da ribanceira,
Dá a volta,
Refaz o caminho
E segue em frente,
Com galhardia,
Com a sabedoria,
Certo de não se arrepender
Da vida que escolheu viver.


Lilia Maria



Não sei se era isso que eu queria escrever.


Neste momento estou me sentido de novo à beira da ribanceira. É difícil fazer escolhas principalmente quando não se tem certeza de nada.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conto de outono (IV)

Acabo de sair do banho. Como eu gosto do cheiro de banho tomado! Inalo o perfume suave de rosas do meu sabonete. Ele me lembra coisas boas.
Preciso me trocar. Continuo pensando naquilo que não posso entender. É incrível como a imagem do rosto de pedra e a voz que não consigo identificar mobilizam a minha imaginação. Ainda vou lembrar onde eu estava.
Tenho um convite para jantar. Amigos que não vejo há muito. Gente que eu gosto e confio. Mas não vou falar do que anda acontecendo. Ninguém entenderia. Este mistério vou ter que desvendar sozinha. Como pode alguma coisa sumir da nossa lembrança desta maneira?
Acabo de me lembrar que tenho uma caixa de quinquilharias no fundo do meu armário. Cartas, fotos, postais, flores secas, moedas antigas, brinquedos do um tempo de menina, meus velhos diários. Está tudo lá. Quem sabe alguma coisa traga de volta um lampejo de memória.
Agora estou mais calma. Sinto uma imensa ternura brotando em meu coração. É como se esperar não fosse em vão. Só não sei o que espero... Ou quem espero.
Tenho muito que fazer até a noite. Vou remexer nos meus guardados. Isto sempre me traz alegria. Apesar dos pesares não posso reclamar da vida que tive. Amealhei alguns tesouros que por nada no mundo trocaria.






Lilia Maria

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Conto de outono (III)

Acordo devagar, espreguiço-me languidamente e percebo que estou sozinha. O travesseiro ao meu lado ainda guarda a marca da cabeça que há pouco ainda estava repousada nele, mas está frio. Tão frio quanto o rosto cinzelado em pedra que vejo quando fecho os olhos.
Não, ninguém dormiu aqui. A porta continua fechada, mas a presença foi sentida a noite toda. Eu escutei a respiração macia de quem dorme em paz. Eu senti a mão pousada em meu seio. Eu senti...
Como assim? Quem esteve aqui? Sonhos não deixam marcas nos lençóis. Nem em travesseiros... Enlouqueci?
Abro a janela, respiro o ar frio da manhã, e volto para o quentinho do cobertor. Há de haver uma explicação. Preciso me lembrar onde estava quando gravei aquela imagem. Preciso decifrar aquela voz. Que segredos ela me contou?
A minha cabeça parece vazia. Não há mais recordações. Elas foram banidas ou guardadas em algum lugar do meu subconsciente. Não quero viver assim, sem saber o que fazer de mim.
Vou buscar o rosto de pedra. Vou buscar as palavras que faltam. Alguma coisa há de fazer sentido em toda esta história.








Lilia Maria

Conto de outono (II)

- Um tostão pelos seus pensamentos! Diria minha mãe agora se me visse sentada aqui. Eu não os daria nem por alguns milhões. Os segredos que agora guardo em minh’alma estão selados para sempre. São apenas meus e de mais ninguém. Não quero mais dividi-los. Fiquei muito vulnerável na última vez. Espero ter aprendido a lição.
Continuo sentada naquela cadeira da varanda. Há quanto tempo estou aqui? Minutos, horas, dias? Parece que já se passou uma vida, uma eternidade. E eu continuo querendo me lembrar onde eu estava naquele dia.
Uma centelha de luz ilumina meus pensamentos. Ainda escuto aquela voz ecoando em meus ouvidos. As palavras são desencontradas, não consigo juntá-las e formar uma frase que faça sentido. Sempre falta alguma coisa, são como enigmas que tenho que decifrar... Ou adivinhar...
Estou cansada. Preciso dormir. Faz séculos que não deito no meio da minha cama e ocupo todo o seu espaço. Hoje eu quero largueza. Os lençóis brancos têm cheiro de lavanda. Os travesseiros de plumas foram afofados. O cobertor, tão branco quanto os lençóis, dão um toque de leveza e aconchego. Sonhos virão acalentar o meu coração que há muito precisa de paz.
Apago os candeeiros, olho mais uma vez para a cadeira vazia e faço a última oração do dia, relembrando uma velha prece irlandesa.





“Que a estrada se abra à sua frente,
Que o vento sopre levemente em suas costas,
Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
Que a chuva caia de mansinho em seus campos,
E, até que nos encontremos, de novo...
Que Deus lhe guarde nas palmas de suas mãos!"





Lilia Maria

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Conto de outono (I)

Sento-me na varanda, naquela mesma cadeira que um dia alguém ocupou prometendo voltar, mas não voltou.
A noite está fria, o céu garoento, a luz que me ilumina é a dos dois pequenos candeeiros suspensos na parede branca à minha frente.
Fecho os olhos mais uma vez e tento em vão rever a imagem. Onde eu estava? A única coisa que me vem à memória é a recordação de um rosto frio que parece ter sido esculpido em pedra, cinzelada por um bom escultor. A imagem é perfeita, mas os olhos não têm brilho. O sorriso parece mais um arremedo.
Por que não vejo o corpo ou as mãos? Mãos... Elas têm linguagem própria. Por que não prestei atenção? Ou se prestei atenção, por que agora não consigo vê-las? O que elas poderiam me dizer desta situação? Estariam escondidas com medo de revelar segredos?
Abro os olhos e eles parecem imensos dentro da escuridão. O futuro se abre como uma janela enfeitada por finas cortinas que não escondem nada. E por mais que me parece absurdo, ele é promissor. Melhor assim. Esperança é o que move o mundo!


Tenho fé que ainda vou retomar a minha vida.



Lilia Maria

O sonho, a flor e o livro

E assim foi que o sonho
Desceu à terra e virou flor.
E a flor desabrochou
Em suave perfume
E suave cor.
E assim foi que flor,
Colhida naquela manhã,
Foi guardada para secar
Nas páginas do livro
Que acabou de ser lido,
E na estante foi guardado.
E assim foi que o livro,
Que conta a história de um sonho,
Ficou para sempre esquecido.
Ele e o sonho que virou flor.


Lilia Maria

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando o pequeno se torna grande

Se você se acha um grão de areia,
Insignificante pelo tamanho que é,
Experimente se alojar no pé do sapato
De quem queira incomodar.
Se você se acha apenas uma gota
Que habita o imenso oceano,
Caia no copo d’água
Prestes a transbordar.
Se você se julga uma brisa
Que nem consegue uma folha balançar,
Torne-se o sopro gelado
E de ti vão se lembrar.
Tudo tem seu valor,
Basta saber procurar
O significado e a significância
Daquilo que você se tornar.


Lilia Maria

Alors

Après les adieux
Tout est vide,
Sans vie
Sans la volonté,
Sans la vérité,
Sans amour,
Sans chaleur
Pas de couleur.
Sans un peu de toi,
Sans un peu de moi.

Lilia Maria

Même triste, je suis très chic, n'est pas?

sábado, 14 de maio de 2011

Versejando (II)

--I--
Guardo ainda na retina
O sorriso semi-escondido
E a pressa do olhar.
Um segundo, um lapso,
Um momento de prazer
Que sempre há de me acompanhar.

--II--
Cativa dos meus sonhos
Não tenho pressa de acordar,
É melhor voltar a dormir
Antes do sono acabar,
Assim eu vou vivendo
Entre o sono e o sonhar.


--III--
Nas páginas amarelecidas
Do caderno que guardei
Encontro versos inacabados
Que nunca terminarei.
São histórias sem fim
Que gosto de contar.


--IV--
No entanto
O encanto
Que trago no coração,
Permanece enroscado,
Travado,
Guardado,
Trancado
Com o cadeado da razão.

--V--
Penso, logo existo?
Desisto?
Insisto?
Persisto?
O que é isto?
É pensar
E de novo começar.


Lilia Maria





Mais uma vez estou publicando coisas que vou escrevendo entre os parágrafos da minha dissertação. Acho que é uma forma de não endoidecer no meio de tantos cálculos, planilhas, mapas e conclusões.

Um poema inspira outro...

Moramos em casa cheia
De poetas velejadores
Que passeiam pela vida
Surfando em palavras velozes
Que penetram alma adentro
E acendem as tochas da paixão.
Somos magos do pensamento
Que flutuam nos sete mares
Como ilhas habitadas
Por alegria, por amor e por saudade.
Se do rosa fazemos o azul
É porque poetas têm outros olhos
Para ver o mundo em que estão.

Lilia Maria

Acabei de escrever estas palavras como um comentário ao belíssimo poema do Rogério Santos:


Rotas e Istmos
ROGERIO SANTOS

minha verdadeira casa
é onde mora a poesia
na gente no mundo
nas veias abertas dos rios
nas folhas ao vento
na fruta caída do pé
nas falhas da Terra
quintal de chão batido
redemoinho de saci
trator-de-lata-de-óleo
grão de areia e matacão
elã de vulcões e geleiras
aviões e barcos de papel
ritmo de rotas e istmos
estrada de mares e céu
nas palavras salva-vidas
nos luares pára-quedas
e no brilho dos olhares
quando miram estrelas
quando o abraço é uma teia
e a boca é copo cheio
quando a sede é de saliva

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pensando na vida...

Depois do passamento do meu sogro, a última coisa que queríamos era ter qualquer pessoa da família com problemas mais sérios de saúde. Não deu outra... Dois dias depois internei meu pai com mais uma crise de diverticulite.
Ele nunca quer outra pessoa com ele e eu acabo ficando dias e dias sem dormir direito. Largo a minha casa, os meus afazeres, minhas filhas e com toda a paciência que consigo reunir, fico a postos até ele poder ficar sozinho de novo. Cuidar dos meus velhinhos não é fácil. Acho que eu mimo muito essas criaturinhas e acabo me tornando refém de mim mesma.
Quando eu era adolescente queria muito estudar medicina. Tenho certeza que teria entrado numa boa faculdade e mais ainda, que teria sido uma boa médica. Meu pai, que me proibiu até de pensar na possibilidade, hoje se diz arrependidíssimo, e volta e meia me oferece toda a assistência para que eu realize o meu sonho de menina. Não dá mais tempo.
Agora tenho outros objetivos, e nenhum deles passa por uma nova graduação. Estudar sim... Mestrado, doutorado, pósdoc... Estudar fora da cidade, do estado, do país... Onde? Não sei ainda, mas com certeza longe do olho do furacão. Será que eu consigo me desligar?
No enterro do meu sogro, meu primo Roberto, que sempre foi meu amigo e conselheiro, disse que eu preciso pensar mais em mim e pautar a minha vida em torno dos meus sonhos. Ele sabe que desisti de muitas coisas na vida por ser a filha obediente, a mãe zelosa, a esposa dedicada. Hoje sou dona do meu nariz. Não tenho que dar satisfação a ninguém, pago as minhas contas, moro no meu teto, dirijo o meu carro, mas ainda penso nos meus velhinhos...
Já me perguntaram se não tenho nada melhor que fazer além de colecionar diplomas. Acho que até teria, mas falta parceria. Então, é o que tem... e não sou infeliz por isso. De repente ainda vou juntar o útil ao agradável, quem sabe...
Por enquanto vou cuidando dos meus velhinhos...

Lilia Maria

Guardo em meu coração
Fantasmas do meu tempo de menina
Que me fazem companhia
Nas madrugadas insones.
Não tenho medo do escuro,
Nem mesmo de assombração,
O que me assusta são os vivos,
A mentira, a decepção.




Ly'

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Olhando o espelho

O espelho me mostra
Marcas do tempo,
Marcas da vida,
Marcas de emoção.
Cicatrizes cintilantes
Que ganhei sem querer,
Marcas bem vincadas
Das rugas de expressão,
O desenho quase infantil
Do momento que vivi.
Tudo fala de mim,
Tudo tem história,
Tudo ficará guardado
Até que a vida chegue ao fim.

Lilia Maria

domingo, 8 de maio de 2011

Aprendendo a ser mãe

Nunca estamos prontas.
Sempre achamos que podemos melhorar.
Mudar faz parte,
Aprender é missão.
E quantas facetas desenvolvemos ao longo da vida!
Dizemos sim sem arrependimentos,
Dizemos não com convicção.
Acolhemos generosamente,
Nos dividimos,
Subtraímos velhos modelos,
Adicionamos novas emoções.
Acertamos,
Erramos,
Mas nunca perdemos de vista
O papel que nos foi legado,
E que recebemos com alegria e satisfação.

Lilia Maria




Ontem ganhei o meu "Dias das Mães".



Conversando com a filhota mais nova, disse que havia feito um teste que diagnosticou que sou uma mãe politicamente correta. Ela disse que não. Que às vezes sou o mais incorreta possível, mas que eu não mudasse, pois ela gostava de mim exatamente do jeito que sou. Pode haver coisa melhor do que isso? Mas sei que ainda tenho muito que aprender...

sábado, 7 de maio de 2011

É proibido morrer

Hoje, no final da tarde, fui surpreendida, com a notícia da morte do meu sogro. Não que não estávamos esperando, ele já não estava bem há algum tempo e na última semana foi internado com insuficiência respiratória.
Eu realmente fiquei muito triste, e até sinto-me em falta com ele, pois fazia tempo que eu não o visitava. Mesmo separada do filho dele há quase dez anos, nós nunca deixamos de nos ver, pois para nós só existe ex-marido. Ex-sogra, ex-sogro, ex-cunhados, não cabia no nosso dicionário.
Que ele encontre a luz...
Embora minhas filhas tenham convivido muito mais com os meus pais, elas sentiram muito a morte do avô, acho que até mais que a da avó, há seis anos.
Quem me deu a notícia foi a minha filha Andrea. Eu estava na casa da minha irmã com os meus pais e ela me ligou pedindo para que eu fosse para casa. Ela estava carente. Precisava do colo da mãe. Como eu estava com o carro do meu pai, ela foi me buscar na casa dele.
Mal entrou na casa foi dizendo:
- Vô, vó... Vocês estão proibidos de morrer.
Meu pai deu risada, pois ele não está bem e sabe que mais cedo ou mais tarde vai ter que se despedir da gente. Minha mãe não entendeu...
No carro ela disse que a proibição era para mim também.
Claro que eu não quero morrer. Eu me sinto cheia de energia, tenho muitos planos de futuro, procuro não pensar nas minhas tristezas, mas a gente nunca sabe a hora.
Então estamos proibidos de morrer. E vocês, meus amigos que lêem o que escrevo, estão proibidos também.




Lilia Maria

Sunshine

Every morning
I greet you
Even when the light
Keep covered with clouds
Because I know up there,
Besides horizon,
Its rays are shining.
You are my faithful friend
Even thougth you can not understand
How much I miss you.
Even if not present
I know you're there
Somewhere in the universe.
Ever and forever.

Lilia Maria

Estudando inglês... Eu chego lá...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Contos da Carochinha

A raposa namorava as uvas
Que pendiam em lindos cachos
No alto de uma parreira.
Até pareciam de cera
Não fosse pelo perfume da fruta
Prestes a amadurecer.
Mas raposa gosta de uva?
Resolveu mudar a história
E foi caçar lebre no mato.
Aí precisava ter tato,
Pois os bichinhos são ligeiros
E acabam entrando na toca.
Na correria do dia a dia,
Caiu em uma armadilha.
Virou presa de caçador.
Hoje é pele de madame,
Sem vontade,
Sem entranhas,

Mas por muitos cobiçada.
E assim termina a história,
Do jeito que começou.
Quem entendeu guardou pra si
A história que alguém contou.

Não há mais dia da caça,
São todos do predador.


Lilia Maria

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dedicatória

Quando iniciei o mestrado, a idéia era dedicar o trabalho a um pessoa que para mim sempre foi um exemplo a ser seguido.
Ele era professor de Geodésia da Escola Politécnica da USP. Durante todo o desenvolvimento da minha pesquisa, peguei-me inúmeras vezes em pontos cruciais pensando que, se ele fosse vivo ainda, aquilo estaria resolvido com muita facilidade. Eu não hesitaria em procurá-lo para tirar as minhas dúvidas e sei que ele conseguiria, com palavras simples, me explicar coisas que sozinha demorei horas para entender.
A dedicatória, que ainda talvez eu faça, seria assim:




Eu o chamava de tio, ele me chamava de colega. Dedicar este trabalho ao Professor e Engenheiro Carlos Rodrigues Ladeira (in memoriam) é uma justa homenagem a quem sempre me incentivou a chegar mais longe.
Seja lá onde esteja, sei que hoje ele está vibrando com mais esta vitória.

O que agora está na página de dedicatória é para esta cidade que eu amo de paixão, apesar de todos os seus problemas, sua vida caótica, alucinada e assustadoramente apaixonante.






À minha cidade

São Paulo é uma metrópole imensa, intensa, que se desdobra em muitas “São Paulos” de paisagens diferentes, com problemas e virtudes que ora divergem, ora se aglutinam e fazem cada vez mais com que seus administradores tenham que estratificá-la e dividi-la para poderem planejar, governar e dominar as suas diversidades.


Lilia Maria




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Para sempre, eternamente

Para sempre é muito tempo
Para guardar coisas,
Exceto no coração.
Para sempre é eternidade.


Eternidade não tem idade,
Não tem medida,
Não tem tempo de vida.

Para sempre é utopia
Que algum poeta criou,
Pois julgou a eternidade
Infinita como os sonhos que sonhou.

Para sempre é indefinição,
É romantismo,
É ilusão.


Lilia Maria

terça-feira, 3 de maio de 2011

Missão cumprida

Ninguém passa pela vida de graça!
Viemos ao mundo com um propósito,
Seja ele qual for,
Pequeno ou grande,
Fútil ou útil,
Prazeroso ou penoso,
Não importa,
Sempre temos uma missão a cumprir.
E quando acabamos,
É hora de partir.
Podemos deixar saudades,
Podemos deixar alegria,
Podemos deixar pesar.
Levamos também saudades,
As alegrias compartilhadas
Mas nunca devemos levar culpas
Por não ter acabado a tarefa.
A despedida pode ser triste,
Pode ser longa,
Ou apenas o sopro de uma brisa
Que passou e se perdeu...
Só acaba o que chega ao fim...
Ai de mim...


Lilia Maria

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Evolução

No início era pó,
Fagulhas,
Fragmentos,
Idéias desencontradas,
Histórias sem fim.
Ao final
Restou pó,
Fagulhas,

Fragmentos,
Idéias encadeadas,
Histórias com ponto final.


Lilia Maria

Pensando...

De repente a fantasia,
Um êxtase, uma alegria.
E eu aqui, esperando
Pelo sol que há de nascer.
O que foi que deu errado?

O tempo ficou parado
Neste silêncio profundo...
Tem estrela quem souber enxergar,

Tem a graça quem quiser alcançar.
E lá vou eu numa grande viagem
Com toda a minha fé e coragem.
De olhos abertos vou enfrentando a vida.

Vida!
Corrida, sofrida...
Não tenho tempo para pensar,
Meu lema agora é retomar.
Onde foi mesmo que eu parei?

Onde foi mesmo que me perdi?
Parei?
Perdi?
Temo dizer que não.
Só acaba o que chega ao fim.

Ai de mim!

Lilia Maria





E eu não cheguei ao fim... Ainda... mas falta pouco, muito pouco...


Encontros e desencontros marcaram a minha pesquisa. Dados negados, arquivos perdidos, caminhos equivocados... Mas finalmente entrei no prumo. Agora é só trabalho braçal.


Houve momentos que pensei em desistir, mas os amigos de todas as horas estavam presentes para incentivar a continuidade. Agradeço a todos.

domingo, 1 de maio de 2011

Desatenção

Tem gente que trata gente
Feito folha de papel,
Pega, risca e rabisca,
Dobra uma, duas, muitas vezes
E esquece guardada no bolso.



Lilia Maria

Não gosto disso, mas muitas vezes tive que conviver com bolsos e bolsas de gente que acha que gente não é importante, principalmente se a gente em questão é simples, sincera e fala as palavras que brotam do coração.