segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vai e Vem

Vira e volta,
Vai e vem,
Vira e gira,
Vem também.

Vem que aqui tem
Mel de vintém,
Sol e alegria,
Amor todo dia.

Vai e vem,
Fica também,
Um momento,
Uma vida,
Para todo o sempre,
Amém!

Vira e volta,
Revira a vida,
Que gira e que volta,
Ao ponto da partida.

Partida de ida,
Partida de saída,
Vira e volta,
Direto pra mim.

Se você não entendeu,
Posso até explicar,
Que a gente vira e volta,
Sempre para o mesmo lugar.

Lilia Maria
02/12/2002

Um jogo de palavras que muitos leram e não entenderam.

sábado, 19 de junho de 2010

Ramon Ortiz

Há exatamente um ano escrevi um post sobre o Chico Buarque de Holanda, para mim, o mais ilustre aniversariante de hoje.
Hoje o post não será para o mais ilustre, mas sim para o mais querido. Quer pessoa mais querida do que o pai das minhas filhas?
Conheci o Ramon com atraso de alguns anos. Lembro-me que em algum momento dos meus dezessete anos, estava passando o domingo na casa de um amigo do meu pai em Caraguatatuba. A esposa dele me convidou para passar a semana com eles. Quando argumentei que não tinha roupa, a filha do casal me ofereceu as dela. Havia ainda uma senhora espanhola, Dona Carmen, que argumentou que estava para chegar uma família de amigos que estariam trazendo os filhos e que seria muito divertido. Agradeci muito o convite e não fiquei.
Anos mais tarde, já casada, o Ramon resolveu visitar o padrinho em Caraguatatuba. Na viagem ele comentou que não o via há pelo menos uns dez anos. Quando cheguei tive a impressão que conhecia aquelas pessoas e que já havia estado naquela casa, mas não comentei nada.
De volta a São Paulo fui até a casa dos meus pais e peguei um álbum de fotos. Lá estavam eles: o Sr. Antonio e Dona Carmen. As crianças que estariam na casa deles eram justamente o Ramon e seus irmãos.
Depois desta ida a Caraguatatuba nos encontromos diversas vezes. Numa delas Dona Carmen fez uma proposta. Ela disse que devíamos comprar uma caixa de champanhe e que a cada ano deveríamos tomar uma garrafa inteira no dia 31 de dezembro. Como diziam que o mundo iria acabar na passagem do século, em 31 de dezembro de 1999 tomaríamos o que sobrasse na caixa, pois se o mundo acabasse, estaríamos tão bêbados que nada iríamos sentir. Pena que ela não viveu para executar a proposta. Nós também não executamos, mas bebemos champanhe em Paris para saudar o novo século.
Voltando ao aniversariante de hoje. O Ramon é uma pessoa com muitos defeitos, mas de qualidades incríveis. É o melhor amigo que alguém pode ter, mas o pior inimigo que pude conhecer.
Eu sempre digo que o Ramon nunca fica no meio termo. Ou ele ama ou ele odeia. Quando nos separamos ele não me amava, claro, então me odiava. E fazia questão de deixar isso devidamente registrado para o mundo. Hoje felizmente (creio) conseguimos chegar numa boa convivência. Não que tenha voltado a me amar, mas virei exceção, ele não me odeia mais. Quanto a mim, tenho por ele um carinho enorme. Ele me mostrou o que pode ser o inferno, mas em compensação, me fez tocar o céu com a ponta dos dedos.
Feliz aniversário Ramon! Que Deus o ilumine e proteja sempre.
Lilia Maria
Em tempo: feliz aniversário ao Chico Buarque e ao Maurício Moscatelli.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Oi Maria Suzi! Fala Lilia Maria!

Era assim que, por muitos e muitos meses, o meu dia começava.
Nada de Maria Suzi. Era apenas Suzi, ou Suzete.
Nós nos conhecemos em 1989. Ela trabalhava no Centro de Multimeios da Secretaria Municipal de Educação e eu no CPD. Nesta época participamos do grupo que desenvolveu o primeiro projeto de Informática Educativa em escolas públicas na América. Na homologação do projeto Genesis pelo então Secretário da Educação, Prof. Paulo Freire, estávamos juntas. Lembro-me bem da nossa conversa com ele. Falamos dos nossos sonhos e perguntamos a ele quanto poderíamos sonhar, qual era o limite para os nossos sonhos. Ele nos respondeu com uma pergunta: -Há limite para o sonho? Ele era realmente uma pessoa iluminada.
Depois disso eu acabei indo trabalhar (e sonhar) na Secretaria da Cultura. Acabamos nos afastando um pouco, mas o carinho continuava o mesmo.
Em 93, quando iniciou o governo Maluf, durante o “caça às bruxas”, não saímos ilesas. O que pesava contra nós era justamente o projeto que Genesis. Eu tive um advogado de defesa perfeito. Voltei para a Secretaria e coloquei algumas pessoas sob as minhas asas. A Suzi era uma dessas.
Como morávamos próximas, todos os dias íamos trabalhar juntas. Esse era o nosso bom dia:
- Oi Maria Suzi! Fala Lilia Maria!
Com o tempo formamos uma dupla imbatível. Sob orientação do pessoal da PRODAM desenvolvemos um Plano Diretor de Informática envolvendo todos os âmbitos da SME. Um trabalho primoroso. Viramos modelo para toda a PMSP.
Em 94 prestei concurso para ser analista de sistemas sênior na UNESP. Mesmo assim continuávamos indo e voltando juntas. Com a minha saída o grupo ficou meio enfraquecido e aí a Suzi se aposentou e foi trabalhar na SUCESU.
Vivemos um período bastante conturbado. Ela com problemas em casa e eu com problemas com a chefia. No fim ela pediu demissão na SUCESU e foi cuidar da filha e eu pedi exoneração na UNESP e voltei para a Educação.
Nós nos víamos sempre. Ela acompanhou o meu processo de separação e eu o seu processo de degradação.
Por fim ela acabou tendo um AVC e hoje ela não mais aquela mulher exuberante, dona do mais belo par de olhos azuis que eu já vi. Aliás, os olhos eram tão bonitos que o Andre Pitkowski chegou a perguntar a ela em tom de brincadeira, quantas vezes ela havia entrado na fila dos olhos para que Deus lhe desse este.
As minhas histórias com a Suzi certamente renderiam um livro que teria desde o humor sarcástico até dramas shakespearianos.
Hoje Suzi está aniversariando. Parabéns Maria Suzi! Um beijo da sua amiga Lilia Maria!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Jogo amistoso?

Sei que não sou a melhor pessoa para comentar um jogo de futebol. Não é a minha praia. Gosto de ver os jogos independente de quem são os oponentes, tenho meu time do coração e sei apreciar uma boa jogada. Hoje, como todo o respeito, creio que a equipe brasileira, apesar da vitória (apertada), ficou devendo.
Depois de meia hora de jogo, mesmo estando na frente da TV, comecei a fazer outras coisas. Não tinha emoção. Não tinha chutes que pareciam oferecer perigo. Não sei se é por conta de ter como adversário uma equipe tecnicamente considerada inferior, mas o jogo estava completamente sem graça.
Houve uma época que eu era viciada em Gamão Online. Quando tinha um bom oponente as jogadas chegavam a ser geniais, mas se o adversário era um principiante não tinha graça. Eu abandonei o vício quando começou a ficar muito repetitivo.
Quero crer que foi isso. Talvez se houvesse um terceiro tempo (o primeiro foi só aquecimento) as duas equipes poderiam mostrar uma partida a altura de uma Copa do Mundo.
Lilia Maria

terça-feira, 8 de junho de 2010

Perdida entre as Ciências Exatas e Humanas

Se pedirem a um técnico para descrever a água, dentro do seu raciocínio cartesiano, descreve o líquido como uma reação química e chega aos elementos básicos que individualmente não são água. Fim. Este é o limite. A água foi descrita de forma incontestável.
Mas se o mesmo for pedido a um pensador, este não olha o líquido em si, mas o imagina contido em um recipiente e questiona a sua origem sem, contudo, olhar para a água. Como tudo depende de onde viemos, o que chama sua atenção é o fato de que estamos envolvidos pela água por dentro e por fora. Chega, então, à conclusão de que a água é onipresente, mas como só Deus é onipresente (lógica de primeira ordem) então a água é Deus. Parece obvio que isto não tem fim... Ou tem, só que a água acabará esquecida no meio do caminho.
Em geral, tudo aquilo que acaba sendo explicado com uma bela equação matemática toma ares de verdade irrefutável.

Este texto foi adaptado (quase compilado) de um e-mail recebido do colega de turma da pós-graduação e amigo Sidney Castro.