terça-feira, 26 de abril de 2011

De volta ao ponto inicial...

Depois de ficar uma semana estudando Geometria Esférica, mais uma vez volto a dizer: Pitágoras salva!!!! Ai meu velho e bom Pitágoras, que saudades de você...
Que saudades de poder afirmar categoricamente que a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é SEMPRE 180º... De repente me aparece pela frente um tal de triângulo esférico, que mudou a minha vida... Jamais serei a mesma... E a matemática que eu achava tão certinha, está virando a ciências do mais ou menos... É mais ou menos assim...
E bota seno, e acha cosseno, com sono ou sem sono, lá vou eu calcular a medida do arco dentro do circulo máximo, que de repente nem é círculo... É uma mera circunferência cujo raio é igual ao da esfera-mãe e que pode até ser considerada como reta dependendo da situação.
Não entenderam nada???? Nem eu... Quer dizer... Entender eu entendi, mas de que valeu?
Depois de uma semana, calcula aqui e ali, puxa no Excel e pronto... Pronto???? Nada pronto... Tudo errado... Vamos começar outra vez... Mas vou voltar ao plano original... Pitágoras salva!!!! Quer saber??? Esquecerei os tais ângulos curvos, a superfície do meu triângulo esférico, e vou fazer de conta que vivo na segunda dimensão.



Lilia Maria

Versejando (I)

Entre tabelas e escritos, gráficos e mapas, que vou compondo para terminar a minha dissertação de mestrado, de vez em quando bate uma vontade louca de escrever outras coisas, bem menos sérias, bem mais soltas. E aí saem coisas mais ou menos assim:



--I--
Gosto da umidade do campo
Depois de uma tarde de chuva,
Do frescor que fica no ar,
Do cheiro da terra molhada,
Das gotas que caem das árvores
Como a garoa tardia
Que sobrou do temporal.

--II--
A brisa macia
Que soprou na madrugada,
Contou-me segredos
Que jamais ousei pensar.
E gelou meu coração saber
Que posso não mais encontrar
O elo que eu temia perder.

--III--
Quando eu morrer
Não vou deixar herança
Nem legados.
Deixo apenas uma boa história,
Que se for bem contada
Pode render uns trocados.


Lilia Maria

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Loucuras do amor

Que grande descoberta
Fiz na calada da noite:
Meu amor não é cego,
É mudo!

E eu que pensei

Que desta vida sabia tudo,
Descobri que não sei falar,
Sou tão muda quanto o meu modo de amar.

Me ponho a rir feito louca,

É muita bobagem para alguém pensar.
E para você, que acaba de ver estes versos,
Fica proibido gracejar.

Lilia Maria

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Flor de Manacá

Faz poesia
Quem transforma a dor
Em elegia,
A vida,
Em alegria,
Os sentimentos
Em pensamentos,
Que nunca se perdem
E marcam momentos.
Poesia
É como a flor do manacá,
Que do branco
Faz o lilás,
Preservando o perfume
Que continua a emanar.

Lilia Maria

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Céu e Inferno

Um dia percebi
Que podia o céu tocar,
Mas era só com a ponta dos dedos.
Tudo dependia da magia
Que o momento poderia ter.
Eram momentos de amor,
Sorrisos de crianças,
Gratas recordações.
Conheci aí
A porta de inferno.
Não entrei,
Mas percebi assustada
Onde poderia chegar.

De repente, não mais que de repente,
Toquei o céu com as palmas das mãos.
Vislumbrei o paraiso,
A felicidade suprema,
A luz,
O esplendor.
Desci novamente ao inferno,
E agora entrei com os dois pés.
Não é que o Diabo é bonitinho????

Lilia Maria





Gente! Não fiquei louca, apenas ando rindo da vida que ando vivendo... Mas passa... Tudo na vida passa... Graças a Deus!!!!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Páscoa

Em tempo de renovação,
Seja a palavra de ordem "perdão".

Perdão pela mágoa engolida,
Perdão pela emoção reprimida,
Perdão pela felicidade perdida,
Perdão pela caminhada sofrida.

Perdão pelo beijo apressado,
Perdão pelo amor acabado,
Perdão pelo sonho frustrado,
Perdão pelo coração fechado.


Perdão pela palavra não dita,
Perdão pela atenção não dada,
Perdão pela verdade ignorada,
Perdão pela batalha não vencida.

Perdão pela meta não cumprida,
Perdão pelo tempo esgotado,
Perdão pela fé renegada,
Perdão pelo que não foi perdoado.


Lilia Maria


Esta é a mensagem de Páscoa para os meus amigos e companheiros de jornada.
Que cada um deles consiga perceber que a vida só se renova quando sabemos o que temos que passar a limpo, e o fazemos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade


Quando ainda eu estava no colégio, em um certo dezembro de muitas despedidas tristes, Elba, minha amiga do coração, fez mais uma publicação da Editora Lyma, com esta poesia do Drummond.

Hoje ao receber um e-mail meio triste desta amiga querida, resgatei no meu velho diário as palavras de carinho que ela me enviou em formato de um pequeno livro que guardo até hoje junto com inúmeros bilhetes que contam a história da nossa adolescência feliz.

Elba, o post de hoje é para você. Que as mesmas palavras que à época me serviram de alento, possam inspirá-la na sua caminhada.

Um beijo enorme,


Lilia Maria

domingo, 17 de abril de 2011

Chantecler

Je suis Chantecler.
Mon histoire est très triste!
Je croyais que mon chant faisait lever le soleil.
Um jour, je me suis endormi.
Les heures passèrent.
Le matin arriva.
Et je dormais toujours.
Tout à coup, j’ouvris les yeux.
Le soleil brillait déjà dans le ciel.
Il faisait clair.
Le soleil s’était levé sans moi!
Quelle disillusion!
Quelle tristesse!

Desconheço o autor


Sou de um tempo que tínhamos que aprender na escola francês e inglês. Consegui por pouco escapar do latim, o que não sei se foi alguma vantagem.
Chantecler, a história do galo que se achava o centro do mundo, ilustrava uma das lições do meu livro de francês. Muito bem decorada, assim como "L'automne" de Victor Hugo, eu vivia declamando entusiasmada.
Isto hoje me foi lembrado em uma conversa no MSN com a minha prima Silvana, que agora mora em Fortaleza. Falávamos do meu lado poetisa quando ela de repente escreveu "Chantecler". Nossa... Foi uma viagem no tempo.
Eu morava na Vila Buarque e ela no Pari. Os finais de semana, sempre que podíamos, passávamos juntas. Domingo era dia de matinê. Não dispensávamos assistir um bom filme num dos cinemas do centro.
Quando fui morar no Sumaré, ela sempre vinha para a minha casa, e com isso ela acabou conhecendo a maioria dos meus amigos. Eram festas, bailinhos de garagem, missa no Colégio Anchietanun, e tudo mais que a turminha de jovens curtia naquela época. Quando estávamos um pouco mais velhas, ganhamos alvará para viajarmos sozinhas para São Carlos para visitar nossos avós.
Mal colocávamos as malas no quarto já etávamos sasaricando pela cidade. Ô época boa... Antes, ir para o interior dependía da disponibilidade dos nossos pais, agora tinha ficado muito mais fácil. A vida então era uma festa.
Tenho até hoje guardadas inúmeras cartas que ela me escreveu quando fui estudar na EESC. Nossas vidas acabaram tomando rumos diferentes. Casamos, descasamos, ela tornou a se casar, mudou de estado, mas sempre continuou querida, confidente, conselheira...
Quando a amizade é verdadeira, nada faz com que ela se acabe.

Lilia Maria

sábado, 16 de abril de 2011

Boneca de trapo

Branca boneca
De tranças de lã,
Perdida na tralha
Que alguém esqueceu.
Tem história,
Tem vida,
Mas não pode contar.
Seus olhos bordados
Com fios de retroz
Parecem estar vivos
E olham suplicantes
Para tirá-la de lá.
Sua boca carmim
Feita de feltro
Sorri conformada
Com seu triste fim.
Não chora, boneca!
Nada termina assim...
Vou fazer de você
O retrato de mim.

Lilia Maria

Futuro, Presente, Passado

Do futuro se faz o presente,
Do presente nasce o passado,
Sem mistérios, sem apelação.

Plante para futuro
O melhor do presente
E o passado será resplandecente.

Sonhe para o futuro
O sonho do presente
E o passado será inesquecível.

Busque no futuro
Alento para o presente
E o passado será sempre lembrado.

Não viva no futuro
O presente a ser vivido
E o passado não te cobrará.

Assim seja a vida,
Futuro, presente e passado,
Cada qual no seu lugar.

Lilia Maria

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Andando em círculos

Parto de um ponto,
Cruzo fronteiras,
Percorro caminhos,
E de repente me vejo
Voltando ao ponto de partida.
Sigo em outra direção,
Vejo novos cenários,
Fico bastante animada,
Mudou tudo desta vez,
Mas o trajeto final
Parece tão familiar...
Desaminada concluo,
Ao início tornei a voltar.
Que sina é esta
De ficar andando em círculos
Como em um moto perpétuo?

Lilia Maria

É assim que me sinto cada vez que mudo ou acrescento alguma coisa na minha pesquisa. Acabo sempre concluindo que por este caminho não vou chegar, e começo tudo de novo. Só que meu tempo está se esgotando, não dá mais para recomeçar...

Se continuar assim, meu título de Mestre será uma homenagem póstuma. Não quero morrer me devendo este final...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Teia de aranha

Quem tece a teia,
Tece a trama.
Dê novelo à aranha
E ela vai o engolir.
Teia tecida
Com finos fios,
Parecem frágeis ao tato,
Mas são fortes o suficiente
Para formar um casulo
Em torno da presa fácil
Que se deixa consumir.
Não adianta se debater
Preso à teia tenaz
De tênues fios de trama forte
Feitos para não deixar escapar.


Lilia Maria



Assim muitas vezes me parece a vida, uma enorme teia, ora somos aranha, ora pequenas presas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A culpa é da Monalisa

Continuo olhando embevecida
O sorriso de Monalisa
Na foto da parede
Que me esqueci de trocar.
Que mistério é esse
Que conduz o meu olhar
E me faz ficar horas parada,
Como diante de uma imagem santa,
De mãos postas e a rezar?
Preciso capitular.
Avançar mais um passo
Exige força e determinação.
Vamos lá então?
Se a resposta não veio,
Não adianta procurar,
Mude a pergunta,
E continue a trabalhar.

Lilia Maria


Hoje acordei inspirada, mas toda esta inspiração não está ajudando a colocar no papel as idéias que fariam o meu trabalho terminar. Escrever poesia não ajuda em nada, apenas é uma forma de desabafar...

Gota d’água

Não sei se foi uma lágrima
Ou se era a gota da chuva,
Mas de repente o pontinho brilhou
Ao sabor do sol
Que iluminava a minha janela.

Lilia Maria

terça-feira, 12 de abril de 2011

Indecifrável

Indecifrável é o tempo
Que demora para chegar
Um suspiro, um pensamento,
Uma palavra solta no ar.

Undecifrável é o peso
Da nuvem a flutuar,
Caminhando ao sabor do vento
Sem saber onde chegar.

Indecífrável é a vida
No ponto de inflexão,
Seguir em frente é martírio
Voltar é indefinição.

Indecifrável é o homem,
Ser que um dia Deus criou,
Que não acredita ser obra divina
Porque pensa que o Pai o abandonou.

Indecifrável é este poema
Que construo palavra a palavra
Imaginando que quem o ler
Não saberá se é de minha lavra.

Indecifrável sou eu,
Que já não sei para onde ir,
A vida se abre em muitos caminhos,
Não sei para onde seguir.

Lilia Maria


Estou cansada... Os pensamentos não engrenam... E quando começa a fluir, tropeço em mais um dúvida que não sei quem pode me responder.
Mas sou persistente, devagar eu chego lá...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

The best day of my life

The best day of my life
Wasn't to be any day,
But it was for you.
You don't remember,
The day was forgotten
Or saved
Sealed in a vault
Whose secret nobody knows.

The best day of my life
It should have been lived
And remembered forever,
But with love
And with no sorrow.
It was my beautiful surrender
And I gave myself entirely.

I'm quiet.
I have nothing to regret,
Only a good souvenirs to keep.

Lilia Maria

Escrito há algum tempo na aula de inglês. Uau... poesia em inglês???? Ninguém merece... Pode ser que tenha muitos erros, não achei a correção.

domingo, 10 de abril de 2011

Rebeldia

Às vezes a rebeldia
Parecia irreverência,
Às vezes, infantilidade.
Às vezes era de uma pureza angelical,
Outras vezes um sacana sem igual.
Mas eu gostava de cada uma das versões.

Como você pode ir embora,
Sem ao menos se despedir?
Sem me dar o último abraço,
Sem termos aquela conversa
Que me foi muito cobrada?
Como você se foi sem me avisar?

Agora você vai ter que me esperar,
E me explicar o que foi que aconteceu.
Como sempre vou perdoar
Mais esta rebeldia.
Não importa onde você vai estar,
Um dia a gente vai se encontrar.

Reviveremos o imenso carinho
Que sempre esteve em cada gesto.
Mas enquanto isso não acontece,
Para sempre você há de viver,
No meu coração,
Na minha saudade.

Lilia Maria


Podemos perder amigos para a vida e para a morte. Os que se vão em busca de novos horizontes sempre podem voltar, mas quando os perdemos para a morte, só podemos desejar que um dia a gente possa em outro plano se reencontrar.

Este poema foi escrito para alguém que me deixou muita saudade e muitas histórias a se contar. Eu o perdi duas vezes. Para a vida quando simplesmente não dei importância para a última carta que ele me escreveu me pedindo para ir a Ribeirão Preto para conversarmos. Hoje ela me soa como um pedido de desculpas.

Quando me derem a notícia de sua morte, fizeram com muito cuidado, pois sabiam que seria difícil aceitar. Ele sempre me fez falta.

Amigos são para sempre...

sábado, 9 de abril de 2011

Preguiça

Viva a preguiça
Do fim de semana!
Acordar com sol alto,
Ficar rolando na cama,
Levantar bem de mansinho,
Mas só quando o sono acabar.
Ficar sem fazer nada,
Não ter com que se preocupar.
E, se aparece a vontade
De sair ou trabalhar,
Sentar na varanda,
E espero o tempo passar.

Lilia Maria

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Empinando pipa

Inúmeras vezes tropecei em balcões de gás, que saídos das mãos de alguma criança, ganharam as alturas e quando o gás foi se retraindo, perderam a força e voltaram ao chão. Pensei muito nessas ocasiões nessas crianças que perderam o motivo daquela alegria momentânea de tê-los e na tristeza de vê-los voando para longe do alcance de suas mãos.


Acho que é por isso que prefiro as pipas. Elas podem ficar dias e dias flutuando no ar, e para resgatá-las basta recolher o fio que dá a elas a certeza de um dia poder voltar.


Lembro-me bem que na época que estudava na Escola de Engenharia de São Carlos, meu tio Duílio, encantado que era também com as pipas, construiu uma para suas filhas. Linda! Colorida, de rabiola esvoaçante, bem construída.


Linha 24 na carretilha, e lá foi ela aos ares. Não tinha nessa época os malucos do cerol, que se divertem cortando a linha das outras só para vê-las cair.


As meninas se divertiram ao ver aquela belezoca ganhar altura e planar majestosa ao sabor dos ventos. Meu tio amarrou a linha num dos caibros do telhado da varanda e deixou a pipa flutuando no céu. Volta e meia íamos lá para sentir a força que a mantinha indo pra lá e pra cá.


Foram dias e dias sem tirá-la de lá. E nós só acompanhávamos encantadas cada uma das piruetas que fazia quando ele resolvia dar mais linha ou recolhê-la quando o vento não era suficiente para sustentá-la. Mas, ao recolher, sempre uma nova corrente fazia com que ela subisse de novo, e voltasse a planar.


Não me lembro como tudo terminou, mas foi uma experiência que sempre me fez pensar.


Lilia Maria

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Desesperança

Que braços se abrirão
Para acolher este anjo
Que a vida negou
O direito de crescer?

Como dizer esta criança
Que acabaram-se os sonhos,
Que esperança se esvaíram
Por entre os dedos
Que estavam a segurá-la?

Como eu explico a ela,
Que o amanhã não virá,
Que o dia não amanhecerá,
Que a flor não desabrachará,
Que o livro se fechará?

Como eu digo...

Lilia Maria

Mas autor já não morreu?

Lá fui eu para a primeira escola que lecionei como efetiva na Rede Pública. Estávamos em fevereiro de 1979.
O meu livrinho de Matemática tinha acabado de sair. Estava sendo adotado em todos os bons colégios de São Paulo: São Luiz, Rio Branco, Bandeirantes, Santa Cruz... Claro que resolvi adotá-lo também.
Os outros professores da casa, mais antigos, mais experientes, acharam uma loucura, afinal, era um livro que prometia ser difícil para o nível dos alunos. Eu não achava nada. Na época eu era (e sou) muito piageteana. Acreditava que não tinha nada que a gente não pudesse ensinar desde que bem preparado e estruturado. No dia que o livro chegou e foi entregue para os alunos, um pingo de gente da quinta série disparou:
- Nossa, professora, um dos autores tem o mesmo nome que você...
- Não, meu bem, não é só o mesmo nome, é a mesma pessoa, o autor SOU eu...
- Uéééé´... Mas autor de livro já não morreu????
Quase morri mesmo, mas de tanto rir...


Lilia Maria

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Saudades de mim

Envolvida em suaves pensamentos
Que me transportam para longe daqui,
Percorro bosques e campinas
Buscando o que sobrou de mim.
Não há pontos de parada
Nem tempo para se redimir
De decisões que me pareciam desencontradas
E que ao mesmo tempo foram tão acertadas.
Vou chegando ao fim da jornada
Com uma bagagem que não pesa em meus ombros,
Pois o saber não é um fardo
E sim um motivo de orgulho e prazer,
Mas que traz consigo a responsabilidade
De saber usá-lo com retidão.
Já não sou a mesma de ontem,
Meus olhos vêem tudo sob outro prisma,
Com mais critérios, com mais exatidão.
Não sei se gosto deste novo eu.


Lilia Maria



Estou a um passo de acabar de escrever a minha dissertação de mestrado.
E depois? O que virá? Um novo curso, um novo trabalho? O meu livro de memórias? Finalmente coloco "Folhas Soltas" no papel?
Ainda é cedo para pensar, mas já estou sentindo saudades do que ainda não passou....

terça-feira, 5 de abril de 2011

Um livro escrito, um filho nascido

Esta não será uma história com princípio, meio e fim. Só o meio já está de bom tamanho. Então não importa agora como eu cheguei à cena ou o que se passou depois dela. Importa, talvez, alguns detalhes.
Um desses detalhes, importante para entender o que se passou, fica por conta de saber que à época não havia computadores pessoais. Para se editar um livro ou se usava a boa e velha máquina de escrever ou se escrevia à mão para depois alguém passar com letras gráficas para os fotolitos que iriam gerar a produção em série. Não sei bem o processo, pois eu era apenas uma parte do grupo de autoria.
Magda, Edson e eu trabalhávamos durante o período da manhã. Chegávamos cedo. Discutíamos a pauta, estudávamos como iríamos abordar o assunto, quais as figuras que iríamos usar, que exercícios iríamos disponibilizar, e quem iria fazer o que. Quando o Prof. Scipione chegava, mostrávamos a ele, recebíamos as críticas, às vezes boas, às vezes más, e assim que ele liberava cada um ia cumprir a sua parte.
Foram quatro volumes do livro “Matemática”, absolutamente manuscritos em folhas de sulfite A4. A letra tinha que ser impecável, redondinha, bonita, legível. Eu usava caneta-tinteiro, pois só assim para escrever devagar e com cuidado.
A cada página escrita, fazíamos a revisão, e se houvesse erro, dificilmente consertávamos, escrevíamos tudo outra vez. Parecia trabalho dos escravos de Jó. Era um exercício de paciência e capricho. Foi um ano maravilhoso. Ganhávamos pouco, mas aprendemos muito mais do que a Universidade pôde nos dar.
Um dia o trabalho chegou ao final. Quando colocamos a última folha do último livro na pilha, um olhou para o outro e tivemos a mesma idéia: jogar tudo para o ar e vê-las cair gostosamente pairando no ar.
Não sei se foi sonho ou se realmente aconteceu, mas tenho certeza que vivi o momento. Tenho certeza que as folhas se espalharam por toda a sala e que recolhemos tudo às gargalhadas.
Se na época não aconteceu, isso acontecerá agora... Assim que imprimir a última folha da minha dissertação de mestrado, vou jogá-la para cima e esperar que cada folha caia junto com as lágrimas de alívio que isso trará.
Um livro é um filho, e este será o 13º, contado com as minhas duas filhas. E será tão querido quanto os outros, mesmo não sendo o primogênito, mesmo eu tendo certeza que não será o caçula. Outros virão e todos me darão um enorme prazer.

Lilia Maria

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Travessuras

Criança levada,
Vendendo saúde,
Não para quieta,
Não segue em linha reta.
Chuta a pedrinha
Que estava quietinha
Mandando para longe
Com muita energia.
E ri à vontade
Mesmo quando quebra a vidraça.
Então pede desculpas:
-Foi sem querer...
E segue em frente.
Corre, anda, para,
E continua buscando
Uma outra travessura
Que lhe dê mais prazer.
Meio egoísta este modo de crescer...

Lilia Maria

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Para sempre em meu coração

Para sempre em minhas lembranças
Vive o riso fácil de outrora,
As brincadeiras às vezes fora de hora
Que hoje me fazem sonhar.
Éramos felizes e sabíamos
Que um dia iríamos o mundo desbravar
Levando na bagagem o conhecimento
Que ganhamos e aprendemos a usar.
Éramos felizes e sabíamos
Que este tempo não iria voltar.
Quando deixo a alma solta
Nas alamedas por onde caminhávamos,
Revejo cenas de um passado distante
E toda uma história a se contar.
Era meu sonho de menina,
Tornou-se, na juventude, o meu lugar,
O meu refúgio, o meu lar.
USP, paixão eterna,
Eternamente vou te amar.

Lilia Maria

Hoje foi a colação de grau na minha filha Andrea.

Impossível estar na USP e não lembrar da minha época de estudante. Sempre digo que não estudei na Universidade, eu vivi a Universidade. E este "viver" tentei passar para as minhas filhas, USPianas como eu. Cada uma entendeu a seu modo, e as duas buscaram o que queriam encontrar para ter um futuro coroado de êxito.

Missão cumprida.