sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O primeiro a gente nunca esquece...

Primeiro beijo, primeiro namorado, primeiro dia de aula, primeiro fora...São tantos primeiros...
Há anos passava um comercial na TV sobre o primeiro sutiã. Era lindo! Quando vi até chorei. Realmente o primeiro sutiã a gente nunca esquece... Principalmente quando ele foi comprado para você esquecer que é mulher. Quando ele tinha dois tamanhos maiores que o seu peito para não “perder” logo. Quando a turma toda está usando um “meia taça” cheio de rendas e fricotes e vocês tem que usar um, igual ao da sua avó... Desculpe-me minha mãe, mas aquilo não foi um presente, foi um castigo.
Eu me lembro que insisti muito para que ela me comprasse um, pois o seio despontando marcava a camiseta nas aulas de Educação Física. Primeiro ela mandou que eu usasse uma regatinha para disfarçar, depois acho que ela percebeu que a regatinha não dava conta. Aí ela chegou com um para ver como ficava. Jesus!!!! Era a coisa mais horrível que alguém poderia me oferecer. Cada lado parecia um funil feito em tecido de algodão. Para dar um pouco de sustentação, cada “funil” era todo prespontado em círculos concêntricos. A finalidade da pecinha não era valorizar a recém adquirida protuberância, símbolo da minha feminilidade, e sim disfarçá-la. Eu percebia que o medo maior dos meus pais (acho que era mais da minha mãe do que do meu pai) era ter que admitir que eu estava me tornando uma mocinha que de repente ia virar uma mulher. Usar algo “sexi” era simplesmente impensável. Para a minha segurança (ou a dela) eu tinha que permanecer assexuada.
Ainda bem que o meu martírio durou pouco. Um dia minha tia me deu de presente dois lindinhos. Claro que não eram Valisere. Acho que nem marca tinham. Eram listradinhos de azul e branco, com bojo, meia taça, não deixavam o peito pontudo como se fosse perfurar a camiseta... nossa! Eram tudo de bom.
Pois é... O primeiro eu não esqueci, mas o que valeu mesmo foram todos os outros.

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