segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma história em três tempos









Olha só a menininha... Magricela, joelhuda, cabelo liso e espetado... Lá vai ela procurar o irmão. Encontrou tudo. Encontrou todos. Menos quem procurava... E no meio deste olha pra lá e pra cá, o coração pára, o sangue gela nas veias, um arrepio desconhecido percorre a coluna da base do crânio ao cóccix. Os olhos se fixam em outros olhos... Azuis da cor do céu, céu onde neste momento, ao invés de anjos cantando, ouve-se o riso maroto do arqueiro que dispara sua fecha certeira e crava no coração inocente daquela menina-flor que nem ainda desabrochou...






Corta a cena... Passa o tempo... Quanto tempo? Dez... Quinze... Vinte anos... Todos seguiram seus caminhos... Cada qual vai escrevendo a sua história. Cada um está feliz ao seu modo e em seus lugares. Os caminhos são divergentes, estão fadados a nunca mais se cruzarem... E na caminhada a menina, agora uma mulher, olha para os lados procurando... Encontra tudo... Encontra todos... Menos quem gostaria de encontrar... O coração está cicatrizado há muito... Restou carinho. Restou saudade. Restou curiosidade... Que foi feito do menino?







O tempo vai passando, as lembranças vão se apagando, e num último sopro de recordações finalmente aqueles olhos azuis conseguem enxergar, não mais a menina, mas a mulher que passou a vida toda esperando um dia ser vista pelo dono daquele olhar...








Lilia Maria

8 comentários:

  1. Oi Kelly,
    Quando escrevi não tinha gostado tanto. Achei muito ingenuo, muito pueril... Mas depois de postado, li e reli inúmeras vezes e percebi que a beleza está justamente na ingenuidade, na pureza dos sentimentos que estão envolvidos.
    E aí me apaixonei pelo texto.
    Grata pelo comentário.

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  2. Lili,

    Muito legal,particularmente porque deixa no ar a dúvida: O que aconteceu depois????

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  3. Oi Marcinha!
    É aí que mora a graça do texto... Deixar o suspense no ar... Cada um pode imaginar a seu modo como termina esta história.
    Você arriscaria escrever um final?

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  4. Lili,

    De fato tens razão.
    Finais assim é que dão a graça para a verdadeira literatura (obra polissêmica)
    Mas... Não vou arriscar um final não. Este final é particularmente seu e todo seu, especial pra ti e de ti. Só terá sentido se por sua imaginação ele for gerado e já foi.
    Muitos finais poderão surgir, múltiplos autores poderão criar um final seja ele alegre ou triste, bom ou ruim, seja ele sem fim. Mas só o seu final ,aquele final que você já forneceu que é a indagação do que virá,é o final ideal.
    Abração!

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  5. Marcinha,
    Aí é que vc se engana... Realmente esta é uma história sem fim... O que pode acantecer?
    Há muitas possibilidades... Só espero que no final eles sejam felizes para sempre e isto não significa que eles teminem juntos...

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  6. Oi Sil
    Se vc quer transformar em filme, deixe pelo menos que eu escreva o livro. Aí a gente transforma em um roteiro.
    Como eu já falei, o texto foi reescrito em forma de poema e está em um concurso. Se for selecionado, é um bom termômetro.
    Bjus

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