quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Loucuras do amor

Que grande descoberta
Fiz na calada da noite:
Meu amor não é cego,
É mudo!

E eu que pensei

Que desta vida sabia tudo,
Descobri que não sei falar,
Sou tão muda quanto o meu modo de amar.

Me ponho a rir feito louca,

É muita bobagem para alguém pensar.
E para você, que acaba de ver estes versos,
Fica proibido gracejar.

Lilia Maria


Ontem, conversando com a minha amiga Matilde Kronka, pensei nas inúmeras vezes que alguém esperou que eu completasse uma conversa de forma espirituosa ou fazendo uma observação que desse o gancho para uma continuidade ou ainda que eu pegasse o tal gancho e seguisse em frente com a conversa que tinha tudo para não chegar ao ponto final.
A minha mudez não é por falta de falar e sim o falar com tanta cautela que acaba sendo desencorajador. Quando percebo normalmente o meu tempo acabou e aí sim eu fico muda por não ter como retomar. O estrago está feito.
De onde vem este medo de falar?
Se eu for procurar os motivos de tal comportamento, vou achar alguém me dizendo: para de ser oferecida... mulheres não tomam a dianteira numa conquista... moça de bem não convidam, esperam ser convidadas... e por aí vai. Alguém me ditou a regra e eu não soube quebrá-la direito.
Um dia, conversando com o meu primo Paulo Mattos, ele disse alguma coisa mais ou menos assim: minha primeira mulher me conquistou pela insistência, ela disse que ia se casar comigo e não sossegou enquanto não conseguiu. Tudo bem, mas como ser insistente sem ser inconveniente?
Ser só insistente não basta. A outra pessoa precisa aceitar a insistência e recebê-la com alegria. Ou seja, o outro precisa querer ceder caso contrário estaremos apenas nos tornando chatos, e ao invés de conquistar estaremos fazendo com que a outra pessoa se torne cada vez mais arredia. Quantas vezes não passamos por esta situação mas colocados do outro lado? Quantas vezes não fugimos de gente que fica assediando? E quantas vezes não cedemos ao assédio depois de algum tempo mas sabendo que este tempo foi por puro charme?
Preciso repensar a mudez deste meu modo de amar...

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