quinta-feira, 4 de junho de 2009

Despedida

Primeiro escrevi o verso
Reverso da minha vontade.
Depois parti pelo mundo
Em busca da minha sina.
Do verso fiz canção
E cantei como a oração
Que ecoava dentro do outeiro.
Era o hino do caminhante
Que a lugar algum chegaria.

Portas entreabertas
Instigam a curiosidade,
Fascinam...
Mas nunca se abrem ao visitante
Que busca alento e repouso
Aos ossos cansados da lida,
À alma cansada da vida.

Portas e janelas entreabertas
Nunca recebem ar e luz suficiente
Para acabar com o pó e o bolor,
Para tirar o cheiro de mofo,
Para fazer geminar a semente
Não plantada ao acaso
Mas por vontade de vê-la explodir
Em brotos, ramos e flores
Que encantam,
Que enfeitam,
Que perfumam...

Assim se despede o viajante
E retoma o caminho a trilhar
Esperando um dia poder voltar
E não achar nada no mesmo lugar.

Lilia Maria

04/04/2006


Eu vivo falando de sementes e flores...
Como é importante perceber o ciclo da vida!
Eu sempre acreditei que todo tipo de amor, seja entre um homem e uma mulher, seja entre amigos, seja entre pais e filhos, funciona como uma plantinha. Um dia a semente é plantada, regada e cuidada, aí começa a geminar. Aparece o broto tímido sobre a terra e a plantinha continua a ser cuidada. Ela cresce, floresce, pode até dar frutos, mesmo assim precisa de atenção.
Talvez o cuidado que temos que ter é ao escolhermos a planta a ser plantada. Um cedro vive mais de 500 anos. É forte, majestoso! Já uma pequena leguminosa, como por exemplo, o feijão, tem vida efêmera. Vive apenas o suficiente para dar frutos.
Resta saber, esta será minha eterna dúvida, se temos a prerrogativa da escolha. Uma coisa a se pensar...
Toda esta história tem um pouco a ver com o sentido do poema. Nele eu falo de pessoas que se fecham em seu mundinho e que não dão chance para sabermos nem um pouquinho do que realmente são. Acenam, mostram a porta entreaberta, nas na verdade vivem na penumbra da vida. Que planta gemina na penumbra? Creio que nenhuma...

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