sexta-feira, 8 de abril de 2011

Empinando pipa

Inúmeras vezes tropecei em balcões de gás, que saídos das mãos de alguma criança, ganharam as alturas e quando o gás foi se retraindo, perderam a força e voltaram ao chão. Pensei muito nessas ocasiões nessas crianças que perderam o motivo daquela alegria momentânea de tê-los e na tristeza de vê-los voando para longe do alcance de suas mãos.


Acho que é por isso que prefiro as pipas. Elas podem ficar dias e dias flutuando no ar, e para resgatá-las basta recolher o fio que dá a elas a certeza de um dia poder voltar.


Lembro-me bem que na época que estudava na Escola de Engenharia de São Carlos, meu tio Duílio, encantado que era também com as pipas, construiu uma para suas filhas. Linda! Colorida, de rabiola esvoaçante, bem construída.


Linha 24 na carretilha, e lá foi ela aos ares. Não tinha nessa época os malucos do cerol, que se divertem cortando a linha das outras só para vê-las cair.


As meninas se divertiram ao ver aquela belezoca ganhar altura e planar majestosa ao sabor dos ventos. Meu tio amarrou a linha num dos caibros do telhado da varanda e deixou a pipa flutuando no céu. Volta e meia íamos lá para sentir a força que a mantinha indo pra lá e pra cá.


Foram dias e dias sem tirá-la de lá. E nós só acompanhávamos encantadas cada uma das piruetas que fazia quando ele resolvia dar mais linha ou recolhê-la quando o vento não era suficiente para sustentá-la. Mas, ao recolher, sempre uma nova corrente fazia com que ela subisse de novo, e voltasse a planar.


Não me lembro como tudo terminou, mas foi uma experiência que sempre me fez pensar.


Lilia Maria

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