quarta-feira, 18 de maio de 2011

Conto de outono (I)

Sento-me na varanda, naquela mesma cadeira que um dia alguém ocupou prometendo voltar, mas não voltou.
A noite está fria, o céu garoento, a luz que me ilumina é a dos dois pequenos candeeiros suspensos na parede branca à minha frente.
Fecho os olhos mais uma vez e tento em vão rever a imagem. Onde eu estava? A única coisa que me vem à memória é a recordação de um rosto frio que parece ter sido esculpido em pedra, cinzelada por um bom escultor. A imagem é perfeita, mas os olhos não têm brilho. O sorriso parece mais um arremedo.
Por que não vejo o corpo ou as mãos? Mãos... Elas têm linguagem própria. Por que não prestei atenção? Ou se prestei atenção, por que agora não consigo vê-las? O que elas poderiam me dizer desta situação? Estariam escondidas com medo de revelar segredos?
Abro os olhos e eles parecem imensos dentro da escuridão. O futuro se abre como uma janela enfeitada por finas cortinas que não escondem nada. E por mais que me parece absurdo, ele é promissor. Melhor assim. Esperança é o que move o mundo!


Tenho fé que ainda vou retomar a minha vida.



Lilia Maria

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