sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pensando na vida...

Depois do passamento do meu sogro, a última coisa que queríamos era ter qualquer pessoa da família com problemas mais sérios de saúde. Não deu outra... Dois dias depois internei meu pai com mais uma crise de diverticulite.
Ele nunca quer outra pessoa com ele e eu acabo ficando dias e dias sem dormir direito. Largo a minha casa, os meus afazeres, minhas filhas e com toda a paciência que consigo reunir, fico a postos até ele poder ficar sozinho de novo. Cuidar dos meus velhinhos não é fácil. Acho que eu mimo muito essas criaturinhas e acabo me tornando refém de mim mesma.
Quando eu era adolescente queria muito estudar medicina. Tenho certeza que teria entrado numa boa faculdade e mais ainda, que teria sido uma boa médica. Meu pai, que me proibiu até de pensar na possibilidade, hoje se diz arrependidíssimo, e volta e meia me oferece toda a assistência para que eu realize o meu sonho de menina. Não dá mais tempo.
Agora tenho outros objetivos, e nenhum deles passa por uma nova graduação. Estudar sim... Mestrado, doutorado, pósdoc... Estudar fora da cidade, do estado, do país... Onde? Não sei ainda, mas com certeza longe do olho do furacão. Será que eu consigo me desligar?
No enterro do meu sogro, meu primo Roberto, que sempre foi meu amigo e conselheiro, disse que eu preciso pensar mais em mim e pautar a minha vida em torno dos meus sonhos. Ele sabe que desisti de muitas coisas na vida por ser a filha obediente, a mãe zelosa, a esposa dedicada. Hoje sou dona do meu nariz. Não tenho que dar satisfação a ninguém, pago as minhas contas, moro no meu teto, dirijo o meu carro, mas ainda penso nos meus velhinhos...
Já me perguntaram se não tenho nada melhor que fazer além de colecionar diplomas. Acho que até teria, mas falta parceria. Então, é o que tem... e não sou infeliz por isso. De repente ainda vou juntar o útil ao agradável, quem sabe...
Por enquanto vou cuidando dos meus velhinhos...

Lilia Maria

Guardo em meu coração
Fantasmas do meu tempo de menina
Que me fazem companhia
Nas madrugadas insones.
Não tenho medo do escuro,
Nem mesmo de assombração,
O que me assusta são os vivos,
A mentira, a decepção.




Ly'

2 comentários:

  1. Você é bem tudo isso que descreveu!!! Bjs, Cris

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  2. Pois é, minha amiga. Não dá mais tempo de fazer medicina, mas quem sabe um dia aprendo a dizer NÃO.
    Obrigada pelo seu apoio. São pessoas como vc que ainda me fazem acreditar que gente é do "bem".
    Bjus

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