sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conto de outono (IV)

Acabo de sair do banho. Como eu gosto do cheiro de banho tomado! Inalo o perfume suave de rosas do meu sabonete. Ele me lembra coisas boas.
Preciso me trocar. Continuo pensando naquilo que não posso entender. É incrível como a imagem do rosto de pedra e a voz que não consigo identificar mobilizam a minha imaginação. Ainda vou lembrar onde eu estava.
Tenho um convite para jantar. Amigos que não vejo há muito. Gente que eu gosto e confio. Mas não vou falar do que anda acontecendo. Ninguém entenderia. Este mistério vou ter que desvendar sozinha. Como pode alguma coisa sumir da nossa lembrança desta maneira?
Acabo de me lembrar que tenho uma caixa de quinquilharias no fundo do meu armário. Cartas, fotos, postais, flores secas, moedas antigas, brinquedos do um tempo de menina, meus velhos diários. Está tudo lá. Quem sabe alguma coisa traga de volta um lampejo de memória.
Agora estou mais calma. Sinto uma imensa ternura brotando em meu coração. É como se esperar não fosse em vão. Só não sei o que espero... Ou quem espero.
Tenho muito que fazer até a noite. Vou remexer nos meus guardados. Isto sempre me traz alegria. Apesar dos pesares não posso reclamar da vida que tive. Amealhei alguns tesouros que por nada no mundo trocaria.






Lilia Maria

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